Coalizão de países contra Líbia nega apoiar oposição e mirar Khadafi como alvo

São Paulo – O comandante das forças americanas na África, general Carter Ham, negou nesta segunda-feira (21) que a coalizão militar que vem realizando bombardeios aéreos na Líbia desde o […]

São Paulo – O comandante das forças americanas na África, general Carter Ham, negou nesta segunda-feira (21) que a coalizão militar que vem realizando bombardeios aéreos na Líbia desde o sábado (19) esteja agindo de forma coordenada com as forças de oposição ao governo do país do Oriente Médio. Representantes de outros países descartaram ainda que o alvo da ofensiva seja o líder líbio, Muammar Khadafi.

Estados Unidos, França e Grã-Bretanha comandam a ofensiva com o objetivo de impor uma zona de exclusão aérea na Líbia para proteger civis opositores de bombardeios do governo. No domingo (20), um ataque dos aliados com míssil destruiu um edifício onde funcionava o comando de Khadafi em Trípoli, a capital do país. Os Estados Unidos, que lideram a coalizão, informaram ontem que a ofensiva militar na Líbia fez progressos significativos, e que a coalizão deve ampliar o alcance dos ataques.

O porta-voz do Ministério da Defesa francês, Laurent Tesseire, reforçou a afirmação. Segundo ele, os ataques visam a proteger civis, e Khadafi não é um alvo. O objetivo da ação militar, acrescentou, não é a troca do regime líbio. O secretário de Defesa britânico, Liam Fox, chegou a reconhecer que atacar o líder líbio era ”potencialmente uma possibilidade”.

“Nossa missão é proteger civis de ataques das forças terrestres do regime. Nossa missão não é apoiar qualquer força de oposição”, disse Carter Ham.  Ele acrescentou que não é intenção “destruir completamente” a infraestrutura militar líbia. “Se eles pararem e tomarem posições defensivas, poderemos atacar. Depende de onde eles estão e quais são as intenções. Se eles atacarem civis, faz parte de nossa missão atacá-los”, disse.

Segundo os norte-americanos, os ataques atingem locais de armazenamento de mísseis de longo alcance, instalações de radar, campos de aviação militares e forças terrestres do governo nos arredores da cidade de Benghazi, controlada pelos rebeldes.

A zona de exclusão aérea aprovada pela ONU sobre a Líbia será ampliada e logo terá uma cobertura de 1.000 quilômetros, quando chegarem à região novas aeronaves de países da coalizão, disse o chefe do comando dos EUA.

Khadafi convocou para hoje uma “marcha pacífica” de seus apoiadores em Benghazi, pedindo que civis “desarmados” e parlamentares levem galhos de oliveira nas mãos. Paralelamente, a União Europeia (UE) anunciou hoje a ampliação das sanções à Líbia, aumentando a lista de pessoas e entidades banidos de relações comerciais com o bloco.

Efeito colateral

Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), o número de refugiados líbios que chegam ao posto fronteiriço de Sallum, no Egito, tem sido menor do que em outros momentos agudos da crise política no país de Khadafi. No entanto, as 2.823 que deixaram o país no sábado indicam um contingente ainda bastante significativo.

Até agora, quase 320 mil pessoas já deixaram a Líbia – trabalhadores migrantes, em sua maioria. Um êxodo massivo do leste é esperado. O ACNUR prepara-se para um possível aumento de chegadas no Egito de pessoas vindas da região de Benghazi, onde forças governamentais e da oposição travam uma disputa pelo controle da cidade.