Cúpula virtual

Putin fala em criar moeda para os países do Brics. China critica Otan

Com a guerra na Ucrânia, países do bloco, principalmente China, Índia e a própria Rússia, têm incentivado a utilização de moedas locais no comércio mútuo

Reprodução/Youtube
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Segundo Putin, “círculos empresariais” de seu país estão desenvolvendo estratégias coordenadas com redes de empresas do Brics para desenvolver a economia do bloco

São Paulo – Nesta quinta-feira (23), o Brics realiza a primeira reunião de chefes de Estado com a presença do líder russo, Vladimir Putin, desde o início da guerra da Ucrânia. A reunião virtual é organizada pela China. Até o momento, nenhum dos líderes do bloco (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) condenou Moscou objetivamente pelo conflito na Europa. A criação de uma moeda internacional baseada nas moedas dos estados-membros do Brics é um dois temas do encontro.

Além de Putin, participam do fórum os líderes Xi Jinping (China), Narendra Modi (Índia), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. A questão da moeda foi abordada por Putin nesta quarta-feira (22), em discurso no Fórum Empresarial do Brics, que acontece antes da cúpula dos chefes de governo. “A criação da moeda de reserva internacional com base na cesta de moedas de nossos países está em análise”, disse o presidente russo segundo as agências Tass e RT.

Putin considera que os Estados membros do bloco já contam com mecanismos alternativos para viabilizar pagamentos internacionais, sem terem de recorrer ao sistema financeiro global. Com a guerra, países do Brics, principalmente China, Índia e a própria Rússia, têm incentivado a utilização de moedas locais no comércio mútuo.

Estratégias coordenadas

De acordo com o líder russo, círculos empresariais de seu país estão desenvolvendo estratégias coordenadas com redes de empresas do Brics para desenvolver infraestrutura de transporte, rotas logísticas e a criação de novas cadeias de produção.

Putin acrescentou que “a estratégia russa não muda: enquanto fortalecemos nosso potencial econômico, tecnológico e científico, estamos prontos para trabalhar abertamente com todos os parceiros justos em princípios de respeito aos interesses mútuos, supremacia incondicional do direito internacional, e igualdade de países e povos”.

Putin e China: sintonia

Em sintonia com os interesses russos, no mesmo fórum econômico e empresarial, o líder chinês criticou a expansão de alianças militares. Ele não citou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas o recado é claro. “A crise da Ucrânia voltou a soar o alarme para a humanidade. Países ficarão em dificuldades se acreditarem na expansão de alianças militares e na busca de sua própria segurança às custas dos outros”, disse Xi Jinping, segundo a agência oficial Xinhua.

Bolsonaro também falou no encontro virtual do Fórum Empresarial do Brics que antecede a reunião de cúpula. Afirmou que procura aperfeiçoar a participação do Brasil no comércio internacional e investimentos. Declarou também que o atual contexto mundial hoje “é motivo de preocupação, em razão dos riscos aos fluxos de comércio e investimentos e à estabilidade das cadeias de abastecimento de energia e alimentos”. Segundo ele, o Brasil propõe “aprofundar nossa integração econômica”.

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