Outro lado

Rússia diz que Ocidente ignorou oito anos de ‘mar de sangue’ na Ucrânia

Ministra das Relações Exteriores lembra em entrevista golpe que levou a governo de extrema direita na Ucrânia

© Sputnik / Evgeny Biyatov
© Sputnik / Evgeny Biyatov

São Paulo – Em entrevista à emissora Russia Today (RT) na tarde desta quinta (24), a ministra russa de Relações Exteriores, Maria Zakharova, declarou que o Ocidente ignorou por oito anos o “mar de sangue” em Donbass, onde ficam Lugansk e Donestk – áreas cuja independência o presidente Vladimir Putin reconheceu nesta semana. “Isso (o conflito naquelas regiões) não começou ontem. Há um mar de sangue que apareceu nos últimos oito anos”, prosseguiu a ministra.

Zakharova se referiu ao golpe de 2014 que levou ao poder forças de extrema direita e hostis à Rússia. Ela afirmou que o atual governo ucraniano “tem imposto abusos e genocídio” à população do país. “A Rússia não cometeu nenhum tipo de agressão”, reforçou.

Também nesta quinta, Putin declarou a empresários que seu governo não tinha outra opção para defender o território do país além do lançamento de tropas contra a Ucrânia. “O que está ocorrendo atualmente é uma medida forçada, já que não nos deixaram nenhuma outra forma de proceder”, argumentou o presidente.

Ele insistiu ter sido “obrigado” a tomar uma decisão no âmbito militar e alegou que “não tinha como agir diferente”. Segundo Putin, tentativas do Kremlin de resolver o impasse na Ucrânia foram ignoradas. Ele se refere, por exemplo, à demanda russa para que o país vizinho não integre oficialmente a Otan.

Trégua?

O governo da Rússia se disse disposto, nesta quinta 24, a negociar os termos de uma trégua em sua operação militar deflagrada contra a Ucrânia. O comunicado foi apresentado pelo secretário de imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov.

De acordo com o funcionário do governo russo, Vladimir Putin defende discussões sobre o fim da operação com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sob duas condições: a garantia de um status de neutralidade da Ucrânia – ou seja, fora da aliança militar do Ocidente, a Otan – e a promessa de não contar com a instalação de armas em seu território.

O Kremlin argumenta que as condições permitiriam o que considera a “desmilitarização” e a “desnazificação” da Ucrânia – isso, na visão do governo de Putin, reduziria a percepção de ameaças à segurança da Rússia.

“O presidente formulou sua visão do que esperamos da Ucrânia para que os problemas sejam resolvidos: um status neutro e a recusa em implantar armas”, disse Peskov.

Vítimas

O ministro da Saúde da Ucrânia, Viktor Lyashko, afirmou que 57 pessoas morreram e 169 ficaram feridas no primeiro dia de operação militar da Rússia em território ucraniano.

Lyashko alegou, em entrevista à TV 1+1, que hospitais e trabalhadores da saúde também teriam sido alvo de ataques nesta quinta-feira 24, inclusive em Donetsk, no leste da Ucrânia.

Com CartaCapital e Sputnik Brasil