Crise mundial

Putin anuncia que reconhece independência de regiões separatistas da Ucrânia

Decisão possibilita a rebeldes de de Donetsk e Luhansk solicitar apoio militar russo. Porém, não se sabe ainda se presidente da segunda maior potência bélica do planeta passará à ação naqueles territórios

Reprodução/Youtube
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A Ucrânia encarou um “nacionalismo extremo e até o neonazismo, disse Putin

São Paulo – Em rede nacional transmitida para a Rússia e retransmitida para todo o mundo, o presidente Vladimir Putin anunciou que vai reconhecer as repúblicas separatistas pró-Rússia Donetsk e Luhansk, no Leste da Ucrânia. A região de Donbass, no leste ucraniano, vive uma guerra civil desde 2014, que já matou cerca de 14 mil pessoas.

Mais cedo, o líder russo já havia informado ao presidente da França, Emmanuel Macron, o ao chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, que iria anunciar a decisão. A resposta dos Estados Unidos é aguardada com ansiedade. Os americanos e a Otan ameaçam com sanções econômicas.

Putin assinou uma lei na qual seu país reconhece a independência das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk. Não se sabe ainda, concretamente, o que isso pode significar a curto prazo, ou se Putin pretende traduzir sua fala em uma invasão aos territórios rebeldes. Mas, com a declaração de hoje, os combatentes que lutam contra o Exército ucraniano na região podem requerer assistência militar russa. Com isso, ao menos em em tese, abre-se caminho para uma operação em território ucraniano. O presidente da Síria, Bashar al-Assad, teria sido o primeiro chefe de Estado a manifestar apoio à independência daqueles territórios.

Em seu pronunciamento, o presidente russo afirmou que, ao longo da história recente, desde que se tornou um país independente, a Ucrânia tem feito ameaças permanentes de racionamento de gás, com chantagens. “Desde o início, se recusou a reconhecer a história de gerações de russos que vivem na Ucrânia”, completou.

“Nacionalismo extremo, até o neonazismo”

De acordo com Putin, após a derrubada de Viktor Yanukovich, aliado de Moscou, em 2014, a Ucrânia passou a ser palco de um “nacionalismo extremo e até o neonazismo”. “Começamos a ouvir alegações nacionalistas da Ucrânia em relação à Rússia”, afirmou.

Segundo observadores independentes, com a queda de Yanukovich e a subida do pró-Estados Unidos Volodymyr Zelensky em 2014, as forças armadas oficiais da Ucrânia incorporaram grupos neonazistas.

Putin disse em seu discurso que a Ucrânia “nunca teve uma tradição consistente como uma nação de fato” e copiou “modelos estrangeiros não enraizados, sem sua cultura e história”. O objetivo, acrescentou, não tinha relação com os interesses da população ucraniana, mas era “atender às premissas  do Ocidente e esconder os bilhões de dólares que roubaram de certos negócios”.

“Os EUA bombardearam Belgrado para defender a independência de Kosovo, uma região separatista Sérvia. Como agirá Putin ao reconhecer independência de Donetsk e Luhansk, que são regiões separatistas que fazem parte da Ucrânia? Bombardeará Kiev, como fez Clinton em Belgrado?”, questionou o comentarista da GloboNews Guga Chacra no Twitter.


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