Descarbonização

Petroleiros comemoram criação de diretoria de transição energética na Petrobras

FUP defende revitalização do programa de biocombustíveis, investimentos no hidrogênio verde e retorno da Petrobras na produção de energia eólica e solar

Divulgação/Ari Versiani/PAC
Divulgação/Ari Versiani/PAC

São Paulo – A Federação Única dos Petroleiros (FUP) classificou como “importante iniciativa” a decisão da Petrobras de criar uma diretoria específica para tratar da transição energética. A mudança faz parte de “ajuste organizacional” que a estatal anunciou na semana passada, mas ainda precisa passar pela aprovação do Conselho de Administração.

A Diretoria de Transição Energética e Energias Renováveis vai ficar sob comando do engenheiro Maurício Tolmasquim. Ele presidiu a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), foi secretário do Ministério de Minas e Energia e participou do Governo de Transição. Tolmasquim vai coordenar as atividades de descarbonização, mudanças climáticas, novas tecnologias e sustentabilidade. Além disso, também vai incorporar as atividades comerciais de gás natural.

Em nota, o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar destacou o papel fundamental da Petrobras na preparação de uma transição energética “efetiva”. “Entendemos que a empresa pode contribuir muito para o processo de transição energética justa, revitalizando o programa de biocombustíveis, retornando às atividades na geração de energia por meio de usinas eólicas e solares, investindo em pesquisas para o desenvolvimento do hidrogênio verde, além da produção de energia elétrica por meio de termelétricas a gás natural”, afirmou.

Ainda durante a campanha, a FUP apresentou ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva propostas para a transição energética na Petrobras. Dentre as principais sugestões, estão a revitalização do programa de biocombustíveis e a retomada de suas plantas de produção de biocombustíveis.

Os trabalhadores defendem também o retorno da Petrobras na geração de energia eólica e solar. E ampliação dos investimentos em pesquisas para o desenvolvimento do hidrogênio verde. Defendem ainda a produção de energia elétrica por meio de termelétricas a gás natural, como “transição” para o fechamento das termelétricas movidas a carvão e óleo diesel, mais poluentes.

Mudanças climáticas

No final do ano passado, a FUP participou da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), no Egito. Para o diretor de Relações Internacionais, Gerson Castellano, a participação dos trabalhadores na discussão é fundamental.

“O processo deve ser sustentável, inclusivo e para todos. A substituição de matriz energética não passa só pela modernização e descarbonização dos processos, mas também pelo respeito aos territórios, às demandas populares e aos princípios de dignidade humana”, afirmou.

Ele também elencou preocupações relativas ao processo de transição. “Quem é o operário apto a participar e se inserir na transição energética? O que fazer com a mão-de-obra existente, especializada em petróleo, no caso do fim da dependência energética petrolífera? Como garantir uma transição energética de fato justa, não só para a natureza e as empresas de energia, mas também para os trabalhadores?”