contra o desmonte

Petroleiros protestam contra gestão bolsonarista na Petrobras, que segue com privatização

Bolsonaristas na direção e no conselho da estatal insistem na venda de ativos, à revelia do novo governo, que mandou suspender as privatizações

"Está na hora da gestão bolsonarista sair da empresa", afirmou o coordenador do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra

São Paulo – Trabalhadores ligados à Federação Única dos Petroleiros (FUP) protestaram nesta quarta-feira (29), no Rio de Janeiro e em Salvador, contra a privatização de patrimônios da Petrobras. O Conselho de Administração (CA) da empresa se reúne hoje para avaliar proposta da diretoria que insiste em manter venda de ativos estratégicos da companhia.

A decisão, tomada por diretores indicados durante a gestão anterior, contraria determinação do Ministério de Minas e Energia (MME), que mandou suspender por 90 dias todas as privatizações. Nesse sentido, o MME enviou novo ofício à Petrobras, solicitando que a nova diretoria, que deve tomar posse também hoje, reavalie a posição anterior dos bolsonaristas.

Em frente à Torre Pituba, em Salvador, o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, disse que a categoria não aceitará que o CA da Petrobras insista no desmonte. Isso porque o conselho ainda é composto por bolsonaristas. Os indicados pelo novo governo devem tomar posse no final do mês que vem.

“Tudo indica que o Conselho de Administração quer passar por cima da posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula disse que iria suspender todas as privatizações, para avaliação do novo governo”, afirmou Bacelar.

Ele disse ainda que os trabalhadores também protestam contra os “super bônus” de R$ 9 milhões para quatro diretores da Petros – fundo de pensão dos trabalhadores da Petrobras. “Esperamos sair desse dia com informações positivas. Primeiro, a suspensão das privatizações da Petrobras. E segundo, com uma aprovação de contas que coloque ressalvas ao pagamento desses super bônus”.

Desbolsonarização

No Rio de Janeiro, o coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Tezeu Bezerra, também lembrou ao presidente do CA da Petrobras que a privatização de ativos está suspensa pelo presidente Lula. Assim, ele reafirmou que “está na hora da gestão bolsonarista sair da empresa”. Na última sexta (24), os petroleiros realizaram uma paralisação nacional e também estão votando estado de greve pela “desbolsonarização” da Petrobras e contra as privatizações.

Entre esses ativos que a direção da Petrobras pretende se desfazer, está a refinaria Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), no Ceará. O pré-contrato com a empresa Grepar Participações foi assinado em maio do ano passado, por US$ 34 milhões, cerca da metade do valor de mercado. As privatizações em curso também incluem os polos de exploração de petróleo Norte Capixaba, Golfinho e Camarupim, no Espírito Santo. E e os polos Pescada e Potiguar, no Rio Grande do Norte.

Em frente à sede da Petros, os trabalhadores também reivindicaram por mudanças na direção do fundo. E protestaram contra o novo Plano de Equação do Déficit (PED), que segundo eles prejudica aposentados e pensionistas. “É um absurdo o novo PED. E absurdo maior a diretoria e o conselho deliberativo da Petros quererem emplacar um bônus milionário para eles. A gente veio protestar, porque a gente não aceita esse novo PED e essa diretoria bolsonarista que até hoje está aí. A gente quer mudanças rápidas na Petros”, afirmou Bezerra.

Privatizações mantidas

Apesar da pressão dos trabalhadores e do novo ofício enviado pelo MME, o Conselho de Administração (CA) da Petrobras informou durante a tarde que vai manter os processos de vendas de ativos que já tiveram contratos assinados, como nos casos citados acima. Outros 32 processos de privatização ainda não assinados foram suspensos.

Em nota, a estatal afirmou que a revisão dos processos de “desinvestimento” tem de ser realizada com base no “Plano Estratégico” da Companhia. Ainda assim, o conselho ressalvou que esta revisão “não deverá incluir os desinvestimentos já em fase de assinatura e fechamento de contratos”. O MME ainda não se posicionou, enquanto a FUP lamentou a decisão.

“Conseguimos, depois de muita pressão, impedir a venda de outros ativos, mas, infelizmente, o atual CA da empresa está alinhado com o governo anterior e insiste em entregar polos importantíssimos para a estatal e para o país, principalmente para o Nordeste”, destaca Bacelar, também em nota. “O presidente Lula quer retomar a Petrobras para o povo brasileiro, mas enquanto esse conselho estiver nas mãos de pessoas alinhadas ao bolsonarismo, fica difícil o governo ter avanços nessa área.”


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