Intenção de matar

PM que matou vendedor de balas em Niterói responderá por homicídio doloso

Jovem negro de 22 anos, Hiago Bastos foi baleado na segunda-feira pelo sargento da PM Carlos Arnaud Baldez Silva Júnior, em Niterói

Reprodução
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Hiago tinha 22 anos e estava vendendo balas na estação das barcas, em Niterói

São Paulo – O policial militar que matou o vendedor de balas Hiago Bastos deverá responder por homicídio doloso, quando há intenção de matar, por motivo fútil e agravante. O crime ocorreu no início da tarde de segunda-feira (14) na estação das barcas no centro de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. O sargento da PM Carlos Arnaud Baldez Silva Júnior estava à paisana e teria iniciado discussão com Hiago após o jovem negro de 22 anos oferecer seus produtos. Segundo familiares da vítima, Hiago vendia balas para conseguir fazer uma festa para a filha que completa 2 anos de idade nos próximos dias. O caso está sendo acompanhado pela 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), irá acompanhar o caso.

“Ele foi abordar um rapaz para vender bala. O cliente virou para ele e o acusou de ser mais um vendedor de bala a fim de roubar o celular. Nisso, os dois discutiram e um policial que estava na fila, à paisana, tomou as dores e interveio”, contou Jonathan César, primo de Hiago, à reportagem do g1. Segundo a PM, sargento teria reagido  a uma tentativa de roubo.

Vendedores da região e outras pessoas que passavam pelo local se manifestaram após o ocorrido, mas foram dispersados por guardas municipais.

Balas pela filha

“Ele abandonou a vida errada pra ter uma vida boa, largou o crime. E hoje em dia vende bala para sustentar a filha de 2 anos, que daqui a quatro dias vai fazer aniversário. Ele saía todo dia 5 horas da manhã para fazer o aniversário da filha. Era o sonho dele dar essa festa para a filha”, disse o primo.

Segundo a polícia, Hiago tinha passagens por tentativa de homicídio, desacato, furto, lesão corporal e outros crimes.

“Puxa nas câmeras para ver o que aconteceu. Ele foi abordar uma pessoa para vender bala e nisso o rapaz chamou ele de ladrão, falou que ele ia abordar pra vender bala e roubava o celular no bolso da pessoa. O policial ao lado ouviu e foi discutir com o meu primo. Meu primo é sujeito homem, debateu com ele de boca a boca. Ele meteu a mão na arma e deu um tiro só”, contou Jonathan sobre como o policial que matou o vendedor de balas.

A Delegacia de Homicídios de Niterói está ouvindo testemunhas e busca imagens de câmeras de segurança instaladas na região para esclarecer todos os fatos.

“A gente tava planejando a festinha da neném, já tínhamos pago o salão. Hoje ele saiu pra trabalhar e não cometeu crime nenhum. Ele tava com uma caixa de doce na mão. Eu não sabia que vender bala hoje era um crime. Ele tava trabalhando. A minha filha vai fazer 2 anos e sem pai”, disse Thais Conceição de Oliveira Santos, a mulher de Hiago. “Eu quero justiça. Que isso não fique impune, que esse homem seja preso. E que ele não fique preso igual quando eu cheguei aqui na delegacia e ele tá do lado de fora, andando pra lá e pra cá”, denunciou.


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