Violações

Governo Tarcísio amplia Operação Escudo da PM, que já matou 20 na Baixada Santista

Enquanto a operação do governo contra o crime recebe reforço de 400 PMs, população relata aumento da violência, com invasão de casas e até de celulares

Divulgação/SSP-SP
Divulgação/SSP-SP
Na primeira fase da operação Escudo, de julho a setembro, a PM deixou 28 mortos

São Paulo – A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo ampliou com mais 400 policiais o efetivo da Polícia Militar na segunda fase da Operação Escudo, na Baixada Santista, iniciada no último dia 2. Desde então já são 20 mortos, entre eles, apenas um nome vinculado ao crime, o que torna a ação mais letal que sua primeira etapa: de julho a setembro passado, foram 28 mortos.

Segundo balanço oficial, desde a última segunda-feira (12) a PM prendeu 580 pessoas, das quais 211 procuradas da Justiça. Também apreendeu 65 armas ilegais e 113 quilos de entorpecentes.

Moradores da Vila dos Criadores, no bairro Alemoa, em Santos, porém, têm relatado violência em “abordagens intimidadoras” de policiais desde o início da segunda fase da Operação Escudo. E que tem inclusive entrado nas casas ou mesmo se escondido, fazendo tocaias para abordá-los, como na passarela do Jardim São Manoel. Sobre essas estratégias, a SSP tem se esquivado de responder quando questionada.

Segundo o jornal A Tribuna de Santos, uma pessoa da comunidade procurou o veículo e detalhou ações intimidadoras, ocorridas ontem (13). “Hoje, eles compareceram na favela para apavorar os moradores. Entram nas casas, batem no rosto das pessoas. Eles estão forjando drogas nos moradores da favela; estão aproveitando da autoridade que têm”.

Relatos mostram medo e violações

Outro relato expõe o sentimento de medo de famílias durante as abordagens policiais. “A polícia entrou aqui em casa. ‘Entrou’ quatro policiais. Entrou com a lanterna na cara da (…) e ela ia saindo do banheiro, ‘tava’ indo para a cozinha. Coitada, ficou tremendo. Aí o (…) foi ver o que era e perguntaram com quem ele ‘tava’, e disse que estava comigo e com o sobrinho. O (…) começou a chorar”, diz dona de casa em conversa com uma parente. Mais tarde, por volta das 23h, segundo a mulher, policiais fizeram uma blitz na ponte. “‘Tava’ um monte de policial. Eles não estão respeitando os moradores”, disse ainda.

Conforme as denúncias, durante as abordagens para buscar pessoas relacionadas ao tráfico de drogas ou a organizações criminosas, os agentes têm pedido para revistar celulares. “Eles estão obrigando a ver o celular (da pessoa). Eles param, revistam e pedem para ver o celular. Aí, você tem que mostrar”.

No domingo (11), o ouvidor da Polícia de São Paulo, Claudio Aparecido da Silva, e representantes de entidades de direitos humanos se deslocaram à Baixada Santista em busca de informações sobre a operação. O órgão tem recebido denúncias de moradores e grupos em redes sociais, com vídeos, fotos e áudios e avalia que houve um recrudescimento da violência policial.

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Redação: Cida de Oliveira