Contra despejo, comunidades ocupam Secretaria da Habitação de São Paulo para forçar negociação

  São Paulo – Manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) se reuniram na tarde desta quarta-feira (20) com representantes da Secretaria da Habitação para reivindicar o fim das desapropriações […]

 

São Paulo – Manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) se reuniram na tarde desta quarta-feira (20) com representantes da Secretaria da Habitação para reivindicar o fim das desapropriações nas comunidades do Jardim Arizona, Jardim Bananal, e Boulevard da Paz, próximas aos bairros do Capão Redondo e Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo. Além de se manifestar contra despejos, as comunidades exigem projetos imediatos para a urbanização dos locais, garantidas do cumprimento das medidas de saneamento básico e transparência quanto a possíveis realocações e auxílios de aluguel e moradia, nesses casos.

Cerca de 400 pessoas  permaneceram por mais de sete horas em frente à Secretaria da Habitação. Os manifestantes só desbloquearam as portas do Edifício Martinelli, na região central, após a secretária-adjunta e superintendente de Habitação Popular, Elisabete França, aceitar se reunir com uma comissão.

Segundo Guilherme Boulos, coordernador do MSTS, o saldo da reunião foi positivo porque eles conseguiram garantias de que algumas famílias não fossem despejadas de forma arbitrária, e se caso seja necessário, terão  auxílio bolsa aluguel e a garantia de uma moradia definitiva. Outra reivindicação atendida será a reurbanização nas regiões – algumas estão com obras paradas, como no Jardim Bananal. Outras que deverão ser iniciadas antes do segundo semestre.

A manifestação começou na  manhã desta quarta-feira. Alguns manifestantes chegaram a entrar no prédio e o ocuparam até que fossem abertas vias de negociação. A polícia foi mobilizada, mas não houve violência. 

Virginia Oliveira de Jesus, da comitê da comunidade do Jardim Arizona, disse que desde abril do ano passado há recorrentes ações de despejo sem aviso prévio, pegando moradores desprevenidos. Ela estava na primeira tentativa de negociação, com 13 membros das comissões locais. “A prefeitura falou que nós éramos bandidos”, contou, disse que os acusaram de viverem em propriedades privadas, sem informar quem está movendo as ações de despejo. “O meu pedaço estava comprado, eu paguei por ele, não importa quem deixou o lugar abandonado”, afirmou. A região do Jardim Arizona tem sido habitada há quase 20 anos, de acordo com os moradores, e possui quase 7 mil famílias – 1.500 delas podem perder suas casa.

De acordou com Guilherme Boulos, moradores têm recebido cheques de R$ 5 mil para deixar suas casas, valor que “não dá nem para o trabalhador montar um barraco em área de risco”.

 

Colaboração de Jéssica Santos de Souza e Luiz Braz