Luta ambiental

Cacique Raoni recebe honraria francesa das mãos de Macron

Ao lado de Lula, o presidente da França concedeu a Legião da Honra ao líder indígena por seu trabalho em defesa do planeta

Reprodução/EBC
Reprodução/EBC
O líder francês e o líder indígena: cerimônia fez parte da agenda oficial de Macron em sua primeira visita à América Latina

São Paulo – O líder indígena Raoni Metuktire recebeu nesta terça-feira (26), durante evento no Pará, a condecoração da Legião da Honra, a mais alta honraria francesa. E das mãos do próprio presidente francês, Emmanuel Macron, ao lado do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A homenagem ao cacique de 92 anos ocorreu durante cerimônia na ilha do Combu, região ribeirinha de Belém.

O cacique Raoni, reconhecido internacionalmente por sua incansável luta pelos direitos dos povos originários, aproveitou o momento para fazer um apelo aos líderes presentes. Em particular, pediu o veto ao projeto da Ferrogrão, que ameaça territórios indígenas e o meio ambiente. “O nosso futuro depende de nós”, declarou Raoni, emocionado. “Considero Lula como irmão. Considero Macron como filho”, disse ainda o cacique.

Para os ambientalistas, a construção da Ferrogrão resultará em uma pressão adicional para desmatamento e ocupação por parte dos produtores de soja que estiverem próximos à ferrovia. Isso, devido à redução dos custos de frete proporcionada pela sua proximidade. Eles argumentam que o objetivo não declarado da ferrovia é promover a expansão da área plantada em seu entorno, o que poderá aumentar significativamente a pressão sobre as áreas naturais.

Criada por Napoleão

A Legião da Honra, criada em 1802 por Napoleão Bonaparte, visa a recompensar méritos eminentes, sejam de militares ou civis, na nação francesa. A honraria concedida a Raoni é um reconhecimento não só de sua liderança, mas também da dedicação à causa indígena e ambiental.

A cerimônia fez parte da agenda oficial de Macron em sua primeira visita à América Latina. Ao lado de Lula, o presidente francês participou de reunião bilateral sobre meio ambiente e mudanças climáticas, realizada dentro de uma embarcação rumo à ilha do Combu.

O governo francês expressou seu desejo de se tornar um parceiro de referência na preparação do Brasil para a COP, programada para novembro de 2025. A preservação ambiental, a questão climática, o desenvolvimento econômico local e o fortalecimento das comunidades indígenas estiveram no centro das discussões.

Segundo a embaixada da França no Brasil, a visita proporcionou aos dois líderes a oportunidade de compartilhar suas visões sobre desafios globais, incluindo a proteção da biodiversidade, a transição ecológica e a descarbonização das economias. Após a visita a Belém, Macron e Lula seguiram para o Rio de Janeiro.