São Paulo – O presidente da França, Emmanuel Macron, cumpre a partir de amanhã (26) o primeiro de três dias de visita e agenda extensa no Brasil. Em Belém, às 15h30, ele será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois embarcarão para a Ilha do Combu, onde conferem a produção sustentável do cacau. Além disso, terão encontros com lideranças indígenas. Macron deverá condecorar o cacique Raoni Metuktire, 92 anos, da etnia Kayapó.

“Os presidentes vão discutir o bioma amazônico, tema de interesse entre os dois países – a Guiana Francesa, departamento ultramarino da França, possui cerca de 1,4% da floresta em seu território. A agenda é centrada na preservação ambiental e na agenda climática, no desenvolvimento econômico local, na promoção do comércio e da integração das áreas fronteiriças e nas comunidades indígenas”, informa o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Indígenas e submarino

“Líderes da comunidade (de diferentes etnias, inclusive) estarão lá para ter uma conversa franca, aberta com os dois presidentes sobre os seus desafios e as questões que eles enfrentam e como, tanto a França como o Brasil podem ajudá-los a ter uma vida melhor”, afirma a embaixadora Maria Luisa Escorel, secretária de Europa e América do Norte no MRE.

À noite, Lula e Macron embarcam para o Rio de Janeiro. Na quarta-feira (27), eles se deslocam até Itaguaí, para participar do lançamento ao mar do terceiro submarino do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub). Em 2008, durante o segundo governo Lula, Brasil e França firmaram parceria estratégica na área de defesa.

“Esse é um programa muito bem-sucedido entre os dois países, é um programa de cooperação e defesa, mas que promove muito o desenvolvimento do setor de inovação no Brasil. São submarinos que protegerão toda a costa brasileira. Nós temos uma costa enorme e, portanto, precisamos de algum tipo de vigilância e de proteção. Esses submarinos terão muito essa função. Mais adiante, há outros dois submarinos que estão previstos”, informou a embaixadora.

Fórum Econômico e acordos

Macron cumpre agenda também em São Paulo, mas desta vez sem a presença de Lula. Ele participará da abertura do Instituto Pasteur e do Fórum Econômico Brasil-França, que não ocorre desde 2019. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, estará presente no evento. “Trata-se de oportunidade para que os líderes brasileiros e franceses busquem novas oportunidades de comércio e investimentos recíprocos”, diz Maria Luisa.

Por fim, na quinta (28), Lula volta a se encontrar com o mandatário francês, em Brasília, para assinatura de vários atos bilaterais. Um tema considerado prioritário pelo governo brasileiro é sobre troca e proteção mútua de informação e cooperação. Há ainda protocolo de intenções de investimento da ordem de R$ 100 milhões entre o BNDES, o Banco da Amazônia e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).

Ainda segundo o Itamaraty, a França é o terceiro maior investidor no Brasil. Já a corrente de comércio entre os dois países somou US$ 8,4 bilhões no ano passado, com US$ 2,9 milhões de exportações brasileiras.