ódio bolsonarista

Polícia Federal vai investigar ataque a senador Fabiano Contarato no Facebook

Internauta ofendeu parlamentar, expôs seu filho de sete anos e depois apagou a publicação. Print e depoimento de testemunhas poderão ser considerados provas

Waldemir Barreto/Agência Senado
Waldemir Barreto/Agência Senado
"Não podemos, jamais, normalizar o preconceito e banalizar o ódio. O amor é muito maior!", escreveu senador no Twitter

São Paulo – Após agressão sofrida pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES) e seu filho Gabriel nesse fim de semana, a Polícia Federal (PF) enviou um ofício ao Facebook para que a plataforma recupere a postagem, que foi apagada pelo usuário. A intenção é instaurar inquérito. Na publicação, um homem identificado como Giovani Loureiro agride o parlamentar, que estava com o filho na praia de Itapuã, na cidade de Vila Velha (ES). Contarato registrou boletim de ocorrência ainda na segunda-feira (15), feriado. O autor da postagem apagou a publicação. Se esta não for recuperada, o print e o depoimento de testemunhas na investigação serão consideradas provas.

No ataque, o autor do post expôs o filho do senador, o que deve agravar seu caso. “Eu agora a pouco (sic) na minha praia e vem esse infeliz ” (sic) sem vergonha, e ainda traz o filho adotivo pra fazer ‘marketing’! Aqui no ES esse Senador de merda jamais será reeleito!!! Fora Contarato!! Lixo”, afirmou o agressor.

“Não podemos, jamais, normalizar o preconceito e banalizar o ódio. O amor é muito maior! No amor, nos fazemos melhores, mais fortes e capazes de remar contra a corrente com a leveza e a convicção de que estamos fazendo o certo e o justo”, escreveu Contarato no Twitter.

O senador Humberto Costa (PT-PE) externou solidariedade ao colega de parlamento, “por essa agressão covarde cometida contra ele, seu filho de 7 anos e toda a sua família. Esses criminosos agem sempre dentro do mesmo modelo e precisam ser severamente punidos, na forma da lei”, escreveu o petista.

Contra a homofobia

Na CPI da Covid, do Senado Federal, em 30 de setembro, Contarato protagonizou episódio considerado como um dos mais destacados da comissão, ao rebater ataques homofóbicos que recebeu do então depoente, o  empresário bolsonarista Otávio Fakhoury, acusado de disseminar notícias falsas durante a pandemia.

No início daquela sessão, a convite do presidente em exercício da mesa, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o senador assumiu a presidência para responder às ofensas. “Eu queria que o depoente prestasse um pouco de atenção, por gentileza, porque eu tenho todo o respeito ao senhor, porque aprendi pelos meus pais – um, motorista de ônibus e minha mãe, semianalfabeta – que a gente tem que respeitar as pessoas”, disse Contarato na ocasião.

“A mesma certidão de casamento que o senhor tem, eu também tenho. E aí fala em Deus acima de todos? O senhor não sabe a dor que eu sinto”, continuou.

“Assim como Martin Luther King teve um sonho, eu também tenho um sonho. Sonho um dia em que não vou ser julgado pela minha orientação sexual. Sonho um dia em que meus filhos não serão julgados por serem negros. Sonho um dia em que minha irmã não será julgada por ser mulher e meu pai não será julgado por ser idoso”, afirmou ainda o senador pelo Espírito Santo. Fakhoury se desculpou.