Petroleiros se sentem ‘provocados’ e reforçam aviso de greve

Mesmo após 'Operação Gabrielli', proposta da empresa fica longe da reivindicação. Se negociação não avançar, paralisação começa em 16 de novembro

São Paulo – Seguem sem avanço significativo as negociações entre a representação dos petroleiros e a estatal Petrobras, que nesta quinta (27) apresentou uma proposta econômica considerada “uma provocação” pela categoria. Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a empresa propôs reajuste de 9% na RMNR (remuneração mínima por nível e regime), já incluindo nesse índice a reposição da inflação de 7,23%, em 12 meses. Isso representa um ganho entre 1,27% e 1,65% acima da inflação. Porém a reinvindicação dos trabalhadores é de 10% de aumento real na tabela salarial.

A RMNR é uma cláusula incluída na convenção dos petroleiros de forma a equalizar os valores a serem recebidos pelos empregados. A ideia é contemplar a isonomia salarial prevista na Constituição Federal, pela qual trabalhadores de mesma categoria devem ter ganhos equivalentes, independentemente da região do país.

Para a FUP, a oferta foi uma provocação. Em nota, a entidade lembra à estatal que “a categoria está em estado de greve e pode iniciar uma paralisação nacional por tempo indeterminado, a partir do dia 16, com parada e controle da produção.” E alerta que “as mobilizações convocadas pela FUP comprovam que os petroleiros estão fortalecidos para o enfrentamento. A Petrobras, pelo jeito, quer partir para o confronto.”

As negociações prosseguem nesta sexta-feira (28). Além de tentar retomar os debates sobre aumento real, os petroleiros cobrarão avanços em relação às cláusulas socias incluídas na campanha e tentarão retomar questões que ficaram sem resposta nas rodadas anteriores, como segurança no emprego, recrutamento e seleção de pessoal, condições de trabalho, inovações tecnológicas e relações sindicais.

Índices

Nas negociações de quinta, a Petrobras propôs também um abono equivalente a 90% de uma remuneração bruta, reajuste em 9% dos benefícios educacionais e do auxílio-almoço, reajuste de 7,23% da AMS (assistência multidisciplinar de saúde) e reforçou o aumento de 30% da chamada Gratificação de Campo Terrestre de Produção, conforme já havia sido anunciado.

Greves-surpresa

Enquanto corriam as negociações da campanha salarial da categoria com a Petrobras, sindicatos de várias cidades do país realizaram paralisações-surpresa na, como forma de pressionar a empresa a elevar os patamares dos índices de reajustes propostos. Batizadas de “Operação Gabrielli”, em referência ao nome do presidente da empresa, a mobilização foi promovida em alguns terminais do sistema, como em São Caetano do Sul (SP), região do Grande ABC paulista, Cabiúnas (RJ), no Norte Fluminense, e Coari (AM).

A menção a José Sergio Gabrielli é uma forma de criticá-lo por justificar os acidentes de trabalho em empresas terceirizadas como falta de “disciplina operacional” dos próprios funcionários. A companhia alega que os procedimentos de segurança são regularmente cumpridos. As mortes de petroleiros decorrentes desse tipo de acidente chegaram a 208 desde 1995, dos quais 15 ocorreram em 2011, segundo a FUP. Por isso, o protesto da quinta-feira foi centrado na política de segurança da Petrobras.

Para o coordenador-geral da FUP, João Antonio de Moraes, Gabrielli e a direção da Petrobras precisam mudar o conceito quanto às causas das mortes e acidentes. “Eles ainda não viram que o culpado é quem mantém uma política preventiva falha, e também não protege seus funcionários terceirizados”, criticou.

Com informações da FUP