PT quer protagonismo em Porto Alegre, mas pode aceitar ser vice

PT reuniu ex-prefeitos de Porto Alegre para divulgar carta sobre eleições. (Foto: Ramiro Furquim/Sul21) Porto Alegre – Em meio a especulações sobre o possível embarque petista em uma das pré-candidaturas […]

PT reuniu ex-prefeitos de Porto Alegre para divulgar carta sobre eleições. (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)

Porto Alegre – Em meio a especulações sobre o possível embarque petista em uma das pré-candidaturas à prefeitura de Porto Alegre, o diretório do PT na capital reuniu ex-prefeitos do partido nesta quarta-feira (13) e divulgou uma “Carta a Porto Alegre”, na qual busca consolidar sua posição de protagonista na campanha eleitoral. A cabeça de chapa, no entanto, é outra história. Ainda que a posição de vice seja desconfortável, há concessões à ideia, aceitando integrar uma chapa encabeçada por Manuela D’Ávila (PCdoB) em nome da continuidade da aliança que retomou o governo estadual.

“Não queremos ser coadjuvantes”, diz Adeli Sell, presidente municipal do PT e que já declarou abertamente sua disposição em concorrer pelo Paço Municipal. “Não podemos jamais deixar a nossa posição de protagonismo, e isso passa por uma cabeça de chapa. A militância também deixa bem claro para nós que quer uma candidatura própria”, reforça. “Claro que a conjuntura pode mudar”, desconversa Adeli.

O lançamento de uma candidatura petista em Porto Alegre seria coerente com a recomendação passada pelo diretório estadual do PT a suas células municipais. A orientação é de que o partido respeite as alianças firmadas, priorizando a construção já existente no governo estadual, mas que busque encabeçar a chapa sempre que possível. “Se Porto Alegre adotar uma postura antagônica a isso, dificultará o cumprimento dessa orientação”, argumenta Raul Pont, deputado estadual e presidente do PT-RS. O parlamentar é um dos líderes que defende um candidato petista em Porto Alegre, deixando o apoio a algum outro nome para a eventualidade de um segundo turno.

A incerteza passa pela dificuldade em definir um nome forte para encabeçar uma chapa do PT à prefeitura da capital. O deputado federal Henrique Fontana era considerado pela cúpula estadual um nome forte, mas problemas pessoais e familiares dificultam um maior engajamento na corrida por Porto Alegre. Com as pré-candidaturas de José Fortunati (PDT) e Manuela D’Ávila (PCdoB), o dilema petista fica mais definido: ou tenta uma composição com algum nome já lançado ou encontra, nos próprios quadros, alguém que possa fazer frente aos dois concorrentes já consolidados.

“Esperávamos que Fortunati sinalizasse mais”, diz Pont

Uma aliança com José Fortunati, possibilidade discutida no começo do ano, perdeu força e parece cada vez mais distante. O motivo está na postura adotada pelo prefeito em um momento em que o PDT integra o governo de Tarso Genro: ao invés de incorporar o PT em seu secretariado, Fortunati abriu espaços para partidos de oposição, como o PMDB e o PSDB. “O prefeito foi buscar apoio naqueles que estiveram ao lado da governadora Yeda (Crusius) e estavam saindo do governo. Esperávamos que Fortunati sinalizasse mais (a favor da aliança)”, critica Raul Pont.

A proximidade com Manuela D’Ávila, evidenciada pela participação de vários petistas ilustres em encontro do PCdoB municipal na semana passada, é bem menos desagradável para os petistas de Porto Alegre, até pelo sucesso da aliança que conduziu Tarso Genro para o Piratini. Porém, a postura dos comunistas, que não abrem mão de Manuela como cabeça de chapa, é indigesta para alguns dos líderes petistas da capital e do RS.

“O PCdoB não sinaliza com a posição de vice. É uma posição deles, respeitamos, mas temos nossa posição também”, afirma Adeli Sell. Olívio Dutra, ex-prefeito da capital e presidente de honra do PT gaúcho, reforça a ideia. “Temos que estimular a esquerda para pensar seu papel em Porto Alegre, e não ficarmos discutindo quem é o nome mais palatável para o centro”, acentuou.

Nas especulações de momento, Adeli Sell e a presidente da Câmara de Porto Alegre, Sofia Cavedon, são os dois nomes que surgem com maior frequência. “Ainda não nos organizamos quanto a isso, até porque queremos ouvir o que nossa militância tem a dizer. Mas sou um dos nomes que a nossa corrente (Democracia Socialista) está discutindo, e certamente atenderia esse chamado do partido. Mas, ao mesmo tempo, queremos manter a unidade que elegeu Tarso, que retomou o governo do Rio Grande do Sul, e faremos todos os esforços para que isso seja possível”, afirma a vereadora.

Adeli Sell: “sou militante disciplinado”

Dentro do PT, fala-se até na convocação de algum dos nomes históricos da sigla, como Olívio Dutra e Raul Pont, como maneira de contrapor os possíveis candidatos de PDT e PCdoB com um adversário de peso. Embora admita a possibilidade, Pont diz que o partido dispõe de vários nomes capazes de encabeçar uma corrida pela prefeitura. “Respeitamos os partidos de esquerda que estão conosco (no governo estadual), mas somos o maior partido, estivemos na prefeitura por 16 anos, temos a maior bancada na Câmara e na Assembleia Legislativa. Isso nos autoriza a pleitear a cabeça de chapa”, frisa Raul Pont. “Podemos abrir mão disso em nome de um candidato com densidade eleitoral, compromissado com um programa semelhante. Mas, em um primeiro momento, buscamos uma candidatura própria”, ressalva.

A decisão final deve ficar para o dia 10 de novembro, quando o PT promoverá um encontro estadual. Até lá, a posição petista para Porto Alegre será alvo de intensa discussão nos bastidores. “É importante que nossa aliança (com PCdoB e PSB) tenha uma sintonia de discurso”, explica Sofia Cavedon, justificando a presença dela em evento comunista que, na prática, lançou Manuela como candidata à prefeitura. “Mesmo que avancemos em separado, é fundamental que estejamos discutindo as mesmas questões”. Adeli Sell adota a mesma postura. “Vamos trabalhar juntos”, garante. “Já deixei clara minha disposição (de ser pré-candidato), mas sou um militante disciplinado a serviço do partido. Se a decisão for outra, estou sempre pronto a colaborar”.

Fonte: Sul21

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