Na posse de Humala, peruanos esperam por fala que ratifique esperança da eleição
Alinhamento com o mercado e expectativa de anúncio de programas sociais marcam o clima no Peru antes da posse do primeiro presidente eleito de esquerda no país
Publicado 27/07/2011 - 17h15
Humala anunciou equipe econômica conservadora, mas promete programas sociais progressistas (Foto: Divulgação)
Lima (Peru) – Na véspera da posse do presidente eleito Ollanta Humala, os peruanos são enfáticos ao expressar as expectativas: “Estamos aguardando a sua primeira mensagem a nação”. A resposta é a que mais se ouve pelas ruas de Lima, porque o discurso, pronunciado na Tribuna Popular do Congresso, deve indicar os rumos da gestão do primeiro presidente de esquerda do país.
A posse ocorre nesta quinta-feira (28), dia das “Fiestas Pátrias“, feriado nacional da independência, conquistada em 1821. Bandeiras e uma decoração especialmente montada pelas ruas de Lima, marcam o momento histórico.
O clima de “vamos ver o que ele tem a dizer depois de empossado” é fomentado pelas especulações na mídia. Nos jornais peruanos desta quarta-feira (27), ministros nomeados que “preferem não ter seus nomes divulgados” e analistas políticos dividem espaço apontando previsões variadas. O consenso é que o discurso de Humala ratificará o compromisso de um governo alinhado, pelos próximos cinco anos, com os rumos atuais da economia – de alinhamento e não de choque com o mercado -, mas com uma nova política de inclusão social.
O sinal de que haverá continuidade na área econômica foi a nomeação do empresário Salomón Lerner Ghitis para o Conselho de Ministros e do economista neoliberal Luis Miguel Castilha para a pasta da Economia. Castilha ocupava, até o começo de julho, o cargo de vice-ministro da Fazenda do atual governo de Alan Garcia. Curiosamente, a pasta era alvo frequente de intensas críticas de Humala durante o período eleitoral.
Cerca de 52% dos peruanos têm renda que os colocam abaixo da linha de pobreza, segundo dados do governo. Por isso, o anúncio dos programas de inclusão social por Humala são os mais esperados pela população que o elegeu. A indicação de continuidade na economia despertou temores de que as mudanças prometidas durante a campanha sejam afetadas pelo argumento da “governabilidade”. Também por isso o discurso é tão aguardado.
O “Pensión 65”, benefício dirigido à população acima de 65 anos desprovida de seguridade social pública e de apoio familiar, o “Cunamás”, espécie de auxílio-creche para que as mães deixem seus filhos em local sob cuidado profissional, e o aumento do salário minimo formam o tripé de programas previstos – e anúncios dados como certos para esta quinta-feira (28).
Aida Garcia Naranjo, designada Ministra da Mulher, indica que a prioridade está assegurada. Ela acredita que, durante o próximo governo, os titulares do Ministério da Economia e do Banco Central devem dispor de valores mais altos para programas sociais. “A Economia precisa ter claro que o programa do governo é um programa de inclusão, o que exige uma maior caixa fiscal para os programas sociais”, avisa.
“O trabalho digno deve ser uma estratégia para acabar com a pobreza e a extrema pobreza que afeta os mais de 10 milhões de nossos compatriotas”, afirma Mario Huamán, secretario-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP). Ele avalia que o presidente reafirmará o compromisso eleitoral em aumentar o salário minimo de 600 soles para 750, algo em torno de R$ 424.
Outros compromissos de Humala envolve subsídio ao preço do gás natural, fortalecimento da estatal PetroPerú e o lançamento de um programa emergencial de saúde para a população carente.
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