Fechamento

Caoa Chery demite em Jacareí, e só deve reabrir em 2025. Sindicato quer negociação

Cortes em fábrica no interior paulista podem chegar a 500 ou mais trabalhadores. Empresa fala em “adaptação” para produzir carros elétricos, mas isso só ocorreria a partir de 2025

Roosevelt Cássio/Sind. Met. SJC
Roosevelt Cássio/Sind. Met. SJC
Sindicato dos Metalúrgicos marcou assembleia para esta sexta e quer discutir alternativas, como licença remunerada e 'lay-off'

São Paulo – O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região faz assembleia nesta sexta-feira (6), a partir das 10h, na subsede de Jacareí, para discutir as demissões e a interrupção da produção na Caoa Chery naquele município do Vale do Paraíba, interior paulista. De acordo com a entidade, a empresa comunicou, em reunião, que vai tirar um modelo (Tiggo 3X) de linha e importar da China (Arrizo 6 e 6 Pro). Com isso, a unidade seria desativada. Se a medida se confirmar, seriam demitidos os 370 trabalhadores na produção e metade dos 230 no setor administrativo.

Segundo a empresa, é uma ação temporária para adaptar a fábrica, a fim de tornar todos os veículos de sua produção em elétricos. “A suspensão das atividades tem como objetivo ajustar os processos produtivos da planta para novos modelos com tecnologias híbridas e elétricas, visando a modernização e atualização das linhas de produção”, informou. O sindicato disse que esse processo só seria concluído em 2025. Até lá, a unidade não funcionaria.

Três anos sem emprego

“A Caoa Chery mente ao dizer que não fechará a fábrica de Jacareí e que esse processo se configura em uma readequação da montadora para a produção de carros elétricos”, reagiu o presidente do sindicato, Weller Gonçalves. “Mas serão três anos sem produzir em Jacareí, ou seja, três anos com a fábrica fechada e com pais e mães de família no olho da rua”, acrescentou.

Os metalúrgicos reivindicaram à empresa que dê licença remunerada neste mês e depois promova o chamado lay-off (suspensão dos contratos de trabalho) de junho a outubro, com mais três meses de estabilidade. De acordo com o sindicato, a Caoa Chery aceitou a proposta de lay-off. Os funcionários da produção já estão em licença desde 21 de março.

Empresa pode manter fábrica

“Em 2021, a Caoa Chery bateu recorde de vendas, com 39.746 emplacamentos ao longo do ano. Isso representa um crescimento de 97% na comparação com 2020, enquanto o mercado brasileiro de automóveis cresceu apenas 3% no período”, diz o Sindicato dos Metalúrgicos. “Esse cenário demonstra que a empresa tem plenas condições de manter os empregos e direitos em Jacareí.” Segundo a montadora, a suspensão seria “compensada” por aumento de produção em Anápolis (GO).

O deputado estadual e ex-prefeito de Osasco Emidio de Souza (PT) enviou ofício ao governador paulista, Rodrigo Garcia (PSDB), pedindo esforço do Executivo para evitar o fechamento. “É urgente uma política industrial mais consistente no estado de São Paulo, sobretudo neste momento em que a economia nacional sofre forte desindustrialização motivada por uma política econômica que pouco se importa com soberania e os interesses nacionais”, afirma o parlamentar, que preside a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.

A fábrica de Jacareí foi inaugurada em 2014. Três anos depois, o grupo Caoa assumiu metade da operação.

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