Conspiração

Servidor bolsonarista que espalhava mensagens golpistas é exonerado do MPF

Em uma das mensagens, encaminhada a um empresário, ele dizia que só as Forças Armadas poderiam enquadrar o STF

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São Paulo – A edição do dia 3 do Diário Oficial da União (DOU), com a Portaria SG/MPF 3, do dia anterior, traz a exoneração do servidor Antônio Rios Palhares, que exercia cargo comissionado na Secretaria de Segurança Institucional do Ministério Público Federal (MPF). Ele é citado em relatório da Polícia Federal, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), por disseminar notícias falsas e mensagens de teor golpista.

Niko Palhares, como é conhecido, estava na Procuradoria desde 2020. Segundo relatos, por afinidade com o ex-procurador-geral da República Augusto Aras (substituído por Paulo Gonet em dezembro) e pelo alinhamento ao bolsonarismo. Antes, fez carreira no automobilismo. Começou no kart (como Ayrton Senna) e ganhou seis títulos brasileiros da modalidade. Foi para a Fórmula Ford em 1989, e dois anos depois passou para a Fórmula 3 italiana, pela qual chegou a ser vice-campeão.

“A Polícia Federal descreveu as mensagens de Palhares em relatórios produzidos na investigação das milícias digitais. Ao analisar o telefone celular do dono da Tecnisa, Meyer Nigri, a PF encontrou diversos diálogos entre os dois com teor golpista. Nigri foi alvo de busca e apreensão por sua participação em um grupo de empresários que discutia teses golpistas”, relata o colunista Aguirre Talento, no portal UOL.

Bolsonaro x STF

“A investigação também identificou a atuação direta de Meyer Nigri na divulgação de conteúdos demonstradamente falsos, os quais, conforme mensagens expostas ao longo do relatório, seriam sequencialmente difundidos por Niko Palhares, servidor comissionado da Procuradoria-Geral da República”, diz trecho do relatório da PF citado na reportagem.

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Em uma das mensagens entre o assessor do MPF e o empresário, em 28 de abril do ano passado, Palhares comentava tentativa de encontro entre ministros do STF e o então presidente Jair Bolsonaro, em agosto de 2021. A reunião foi cancelada devido a ataques do chefe do Executivo ao Poder Judiciário. Palhares dizia que só uma ação das Forças Armadas poderia enquadrar o Supremo. Ele mantinha no WhatsApp um grupo de apoio a Bolsonaro. Nesse sentido, pediu a Nigri que encaminhasse mensagens enviadas pelo então presidente, para repassar aos contatos.

“Melhor ficar calado, isso ocorre sempre que há mudanças”, disse Palhares ao colunista.