Rodoanel e Metrô de SP são investigados por irregularidades da Camargo Corrêa

Ministério Público Federal pede para apurar envolvimento de deputados e senadores, secretários do prefeito de São Paulo e diretores de órgãos federais em esquema de empreiteira

O Ministério Público Federal em São Paulo pediu a abertura de investigações em 14 obras da Camargo Corrêa em todo o país. A apuração é desdobramento da Operação Castelo de Areia, que mostrou doações ilegais feitas pela empreiteira a políticos – especialmente deputados e senadores – em troca de favorecimento em licitações e contratações públicas.

A Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo recebeu sete dos pedidos devido ao envolvimento de autoridades municipais e estaduais, sendo ao menos dois secretários do prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), integrantes da Polícia Civil, do Tribunal de Contas do Estado e administradores de cidades do interior.

Entre as obras investigadas está o Rodoanel, grande bandeira eleitoral do governador José Serra, pré-candidato à presidência da República em 2010 pelo PSDB. Os procuradores não informaram quais as suspeitas de irregularidades em cada obra nem forneceram exatamente o nome dos envolvidos, mas indicaram que o Rodoanel teve o envolvimento de um deputado federal do PR e de um diretor de engenharia do Desenvolvimento Rodoviário em São Paulo (Dersa), estatal que controla parte das rodovias paulistas.

Nas ilegalidades da Linha 4 do Metrô de São Paulo, é apontada a participação de um deputado federal do PSDB e de uma candidata do PT a deputada estadual pelo Paraná, além de membros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo, do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil.

Todas as obras sob investigação são citadas em planilhas apreendidas com executivos da Camargo Corrêa durante a operação da Polícia Federal, em maio deste ano. Ao lado de cada uma há anotações de nomes de políticos e de números que, supõe-se, são valores pagos em troca de favorecimento. Os documentos levantam suspeitas da prática de corrupção ativa e passiva, crimes financeiros, além de atos de improbidade administrativa.

Para a Procuradoria Geral da República foram encaminhados os nomes de diversas outras autoridades, como um diretor-geral do DNIT, que controla as estradas federais, um diretor da Eletronorte, um integrante do Tribunal de Contas da União e deputados e senadores por PMDB, PSDB e PCdoB.

Serão investigados a construção de uma eclusa na Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, obras no Aeroporto de Vitória, no Metrô de Fortaleza e trabalhos da Companhia Energética de São Paulo.