No mesmo barco

Prevent Senior e Hang simbolizam aliança da burguesia com Bolsonaro, diz analista

“Não apenas Bolsonaro será levado ao Tribunal de Haia, como também todos os seus aliados”, acredita o cientista político Paulo Ramirez (Fesp-SP)

Leopoldo Silva/Agência Senado
Leopoldo Silva/Agência Senado
Luciano Hang foi escoltado pelos senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Jorginho Mello (PL-SC)

São Paulo – O depoimento do empresário Luciano Hang à CPI da Covid nesta quarta-feira (29) foi marcado por interrupções e polêmicas. Os senadores da oposição buscaram explicitar seu alinhamento ideológico com o chamado “gabinete paralelo”. Trata-se de um grupo que reuniu médicos e empresários em defesa do chamado “tratamento precoce” contra a covid-19, baseado na utilização de medicamentos ineficazes contra a doença. Já a Prevent Senior, conforme denúncia de médicos e da advogada Bruna Morato, serviu como laboratório para essas práticas.

De acordo com o cientista político Paulo Nicolli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), tanto Hang como os executivos da Prevent Senior, além de outros empresários, são “cúmplices” do presidente Jair Bolsonaro nos crimes contra a humanidade cometidos durante a pandemia.

“Certamente não apenas Bolsonaro será levado ao Tribunal de Haia, como também todos os seus aliados”, disse Ramirez, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual, nesta quinta-feira (30). Para ele, esses e outros nomes, como do também empresário Carlos Wizard, simbolizam a aliança de setores da burguesia com o bolsonarismo.

O uso dos remédios ineficazes foi estimulado como forma de evitar a paralisação da economia. Além disso, laboratórios que produzem esses medicamentos também auferiram lucros milionários. Ramirez comparou esses experimentos realizados com o chamado “kit covid” a práticas adotadas na Alemanha nazista.

Políticos subservientes

Essa aliança também conta com a participação de representantes da classe política, que são subservientes a esses empresários. Hang, por exemplo, foi literalmente amparado pelos senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Jorginho Mello (PL-SC). Da mesma forma, o bilionário também foi adulado pelo senador Eduardo Girão (Pode-CE) durante a sessão da CPI.

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A indiscreta adesão da burguesia ao bolsonarismo

Para o cientista político, essas cenas demonstram a coesão do grupo bolsonarista. Alinhados ideologicamente, políticos e empresários mantêm apoio irrestrito ao presidente, apesar dos erros retumbantes na condução da pandemia. Por outro lado, Ramirez vaticina que estes personagens “afundarão” junto com o governo. “Cedo ou tarde, serão punidos”, ressaltou.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira