Em defesa da paz

Pimenta diz ser ‘desonestidade intelectual’ rememorar documento de 2021 sobre o Hamas

“Repudiamos qualquer violência contra civis, seja ela praticada por quem for”, diz ministro ante pressão de jornalistas para que ele afirmasse que grupo islâmico é “terrorista”

Reprodução/Twitter
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A começar da âncora Andréia Sadi, equipe da 'GloboNews' só queria saber uma coisa: o PT apoia o Hamas?

São Paulo – Em entrevista à GloboNews na tarde desta quarta-feira (11), o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, foi pressionado por todos os entrevistadores da bancada da emissora a classificar o grupo islâmico Hamas, em guerra contra o Estado de Israel, de terrorista. Pimenta resistiu à pressão. “Nós repudiamos qualquer ação de violência contra populações civis, seja ela praticada por quem for em qualquer lugar do mundo“, disse.

Segundo Pimenta, a definição (se um grupo é terrorista ou não) compete ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). “Brasil sempre respeitou e acompanhou o conselho.” Ele afirmou que Al Qaeda e Estado Islâmico são organizações consideradas terroristas e que, atualmente no comando rotativo do Conselho de Segurança, o Brasil não vai alterar essa condição.

Segundo o ministro da Secom, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem duas prioridades no momento, no que diz respeito ao conflito entre Hamas e Israel. Primeiro, ajudar a construir a paz e “ajudar a ONU encontrar caminho para a paz”. Em segundo lugar, garantir a vida e o repatriamento de brasileiros na zona de conflito.

‘Condenamos violência contra civis’

“Condenamos desde o primeiro momento todo ato de violência contra populações civis. As maiores vitimas desse conflito são as populações civis.” Ele não mencionou nenhum dos atores do teatro de guerra, mas sabe-se que, depois do ataque do Hamas no território israelense no sábado, Israel vem fazendo ataques devastadores contra a população civil de Gaza, onde já matou, inclusive, 11 funcionários da ONU.

Na última segunda-feira (9), o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, se declarou “profundamente alarmado” com os ataques a civis na Palestina. “Os civis devem ser respeitados em todos os momentos. As infraestruturas civis nunca devem ser um alvo”, frisou.

Entretanto, na entrevista de Paulo Pimenta, os jornalistas globais da emissora a cabo mantiveram o tema Hamas como o único da pauta. Insistiram em saber qual a posição do governo Lula, hoje, sobre documento de 2021, assinado por parlamentares do PT – entre os quais Paulo Pimenta –, todos contra a classificação do Hamas como grupo terrorista.

‘Desonestidade intelectual’

“Esse manifesto tem sido usado de maneira equivocada por pessoas que tentam transformar em disputa política. Querer rememorar o documento neste momento do conflito e tentar vinculá-lo a outra situação é desonestidade intelectual”, respondeu Pimenta ao jornalista Octavio Guedes. Também na segunda-feira, a jornalista Mônica Waldvogel se retratou ao vivo por ter dito, um dia antes, que havia “ligação” entre deputados do PT e o Hamas.

A jornalista Ana Flor também insistiu no tema. “Na realidade, não é o PT. O Brasil tem uma posição histórica de apoio e reconhecimento às resoluções da ONU sobre a criação do Estado Palestino”, respondeu Pimenta. “O PT não tem posição de apoio a nenhum grupo que faz parte desse contexto. Reconhecemos e apoiamos a resolução da ONU de reconhecimento do Estado Palestino. Desde 1948 existe uma resolução da ONU nesse sentido”, declarou o ministro à jornalista gaúcha da GloboNews.

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