estratégia internacional

Lula firma parcerias com Angola nas áreas de agricultura e defesa

O presidente Lula desembarcou em Angola após a reunião da Cúpula dos Brics. Na pauta, cooperação e desenvolvimento em áreas estratégicas

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR
"Buscamos o verdadeiro desenvolvimento, que exige combate à pobreza e promoção da inclusão social"

São Paulo – Em uma sequência de sua visita à África após a conclusão da cúpula do Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) formalizou, hoje (25), acordos bilaterais em Angola. Ele teceu críticas à política de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). Lula lamentou o distanciamento entre o Brasil e os países do continente africano durante aquele período. Agora, como parte de uma política externa exitosa, o petista trilha um caminho diferente, de firmar parcerias estratégicas com todo o mundo.

Lula observou que o intercâmbio bilateral entre Brasil e Angola declinou “de maneira drástica a partir de 2015”. Ele destacou que já nos primeiros seis meses deste ano, houve um aumento de quase 65% em comparação com o mesmo período de 2022. “Esta visita simboliza o resgate do compromisso do Brasil com a África. Nos últimos anos, testemunhamos uma postura de indiferença em relação aos países africanos”, disse Lula.

Então, ele prosseguiu com as críticas ao bolsonarismo. “Pela primeira vez desde a restauração da democracia, não tivemos um presidente que realizasse visitas à África. Embaixadas brasileiras foram encerradas e a cooperação foi negligenciada. Perdemos nossa presença colaborativa em fóruns internacionais.” Contudo, agora, Lula comprometeu-se a “corrigir tais equívocos e elevar nossa parceria estratégica a novos patamares”.

Parcerias estratégicas

Durante seu discurso, o presidente enfatizou o interesse do Brasil em apoiar a Angola na diversificação de sua economia, destacando a ampla margem para o desenvolvimento do comércio entre ambas as nações.

Falando na nação africana, Lula sublinhou que o Brasil é um “parceiro ideal” para Angola conduzir a “revolução agrícola” em andamento no país. Ele destacou a importância da colaboração mútua para um crescimento sustentável no setor agrícola angolano, e anunciou que os ministérios da Agricultura de ambas as nações estão prontos para firmar uma parceria sólida.

Além das áreas de cooperação já mencionadas, o presidente Lula também ressaltou o potencial de Angola em se tornar um polo de referência para a divisão de Defesa e Segurança da Embraer no continente africano.

Os governos do Brasil e de Angola celebraram uma série de acordos bilaterais, com especial destaque para o setor da Defesa. Estes acordos abrangem diversas iniciativas, incluindo o aprimoramento da Marinha angolana e o compromisso conjunto de fornecer tropas para missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU).

Confira trechos da coletiva de Lula

Muito já foi dito sobre o que nos une na música, na dança, na capoeira, na gastronomia e no futebol.

Precisamos e podemos ir além desse extraordinário vínculo cultural.

Nossos interesses comuns são mais amplos.

Buscamos o verdadeiro desenvolvimento, que exige combate à pobreza e promoção da inclusão social, educação de qualidade e atenção à saúde de nossas populações.

Interessa-nos, também, o permanente fortalecimento da democracia e dos direitos humanos, dentro de nossos países e na governança global (…).

Queremos inaugurar uma nova agenda de cooperação com Angola, que também sirva de modelo para outros países.

Temos orgulho de ter contribuído, no passado, com o financiamento de projetos de rodovias, saneamento, abastecimento de água e geração e distribuição de energia elétrica.

O Brasil tem condições de voltar a ser um grande parceiro de Angola em seu desenvolvimento.

Um desenvolvimento fundado no fortalecimento da agricultura e da indústria, no progresso científico e tecnológico, em transição energética e na proteção do meio ambiente e da biodiversidade.