Faltam 12 dias

Lula no ‘Flow’ deve agitar internet na reta final da campanha

Em modelo alongado de entrevista, Lula deve detalhar propostas de governo e aprofundar críticas e denúncias de escândalos envolvendo Bolsonaro e sua família

Ricardo Stuckert/Divulgação
Ricardo Stuckert/Divulgação
"Conversa de bar" também deve render momentos descontraídos, assim como foi a participação de Lula no Podpah

São Paulo – O candidato da coligação Brasil da Esperança à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa do Flow nesta terça-feira (18). O bate-papo terá transmissão ao vivo a partir das 19h, pelo YouTube. Um dos principais podcasts do país, com quase 4,5 milhões de inscritos, o Flow aposta na informalidade, reproduzindo uma “conversa de bar” conduzida pelo apresentador Igor 3K. Além disso, a duração das entrevistas – com mais de três horas em média – permite ao candidato esmiuçar suas propostas para o país, e abordar as principais polêmicas da reta final do segundo turno das eleições deste ano.

Assim, de acordo com o deputado federal André Janones (Avante-MG), Lula deve comentar no Flow o episódio do presidente Jair Bolsonaro (PL) quando disse que “pintou um clima” com meninas venezuelanas. Passeando de moto por São Sebastião, distrito do Distrito Federal, Bolsonaro alegou que as meninas – de 14, 15 anos, “arrumadinhas”, estariam se prostituindo. Ao UOL, uma das mulheres que estavam no local rebateu a alegação do presidente, dizendo que naquele dia a casa citada como um suposto prostíbulo recebia uma ação social para atender as refugiadas.

O tema apareceu lateralmente no último debate entre candidatos, no domingo (16), quando Lula afirmou que Bolsonaro teve que levantar de madrugada, um dia antes, para tentar esclarecer o caso envolvendo o assédio às venezuelanas. “Devia ter deitado com a consciência muito pesada, porque levantar 1h para fazer uma live e: ‘Eu não disse aquilo, não fiz aquilo’. Quem te conhece sabe que você fez.” Além disso, Lula foi ao debate com um broche da campanha Faça Bonito – de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes.

Temas

Outro tema do debate que deve reverberar é a fala de Bolsonaro sobre a caminhada de Lula no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.  “Só tinha traficante do seu lado”, afirmou o presidente, evidenciando o preconceito contra os moradores do local. Lula tratou de defendê-los: “Ali não tinha bandido. Tinham mulheres e homens que levantam cedo para trabalhar”.

Diante do risco de provável derrota no segundo turno, Bolsonaro tenta transformar as eleições em “guerra santa”, acusando Lula e o PT de pretender legalizar o aborto e promover banheiros “unissex” nas escolas – a versão atualizada da “mamadeira de piroca” das eleições anteriores. Lula, por outro lado, tem se encontrado com lideranças religiosas, ao mesmo tempo em que defende o estado laico e a liberdade religiosa.

Igor 3k também deve questionar Lula no Flow sobre os casos de corrupção durante os governos petistas. O ex-presidente tem a seu favor 26 decisões judiciais que o inocentaram em todos os processos movidos contra ele. Por diversas ocasiões, o petista reconheceu que pode ter havido desvios por parte de diretores e empreiteiras. Mas condenou o modo como a Lava Jato se utilizou das confissões dos envolvidos para promover perseguição contra ele e “quebrar” o setor.

Por outro lado, o candidato da coligação Brasil da Esperança deve ter tempo para explorar os casos de corrupção envolvendo a família Bolsonaro, como os 51 imóveis comprados com dinheiro vivo. Além disso, o petista também deve detalhar suas propostas para alavancar o emprego no Brasil, combater o desmatamento, e melhorar a imagem do país no exterior. A forma como o governo Bolsonaro conduziu a pandemia – com casos de corrupção e negação da ciência – também deve compor o repertório de críticas. Além do desastre na economia, o orçamento secreto, os sigilos de 100 anos em assunto incômodos a Bolsonaro.

Disputa de audiência

Para Janones, a participação de Lula no Flow deve “quebrar todos os recordes” da Internet. Em dezembro, quando o ex-presidente participou do PodPah, o programa teve recorde de audiência, com quase 300 mil espectadores simultâneos. De lá para cá, a entrevista com Lula já foi vista 9,7 milhões de vezes no Youtube.

Na ocasião, o ex-presidente alertou a audiência jovem do programa para os riscos da antipolítica, uma das principais armas do adversário nessas eleições. “Você pode não gostar de política, ficar falando que todo político é ladrão. Mas você tem que pensar no país. Então, seja você o político porreta que você quer!”, disse. “Se você está descontente com alguma coisa, é com política que você vai mudar. Você tem que participar”, acrescentou.

Mais recentemente, Bolsonaro participou do Flow. Sua entrevista, em 9 de agosto, já conta com 15 milhões de visualizações. Na entrevista, o presidente abusou das fake news sobre a pandemia – “Quem se contaminou [de Covid-19] está melhor imunizado do que quem tomou a vacina” – e desacreditou o sistema eleitoral, alegando que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apura o resultado das eleições numa “sala-cofre”, informação desmentida pelo órgão. Também tentou se desresponsabilizar pela crise de falta de óxigênio, em Manaus, no início do ano passado, quando pessoas morreram sufocadas.

Antes, no início do ano, o youtuber Bruno Monteiro Aiub, o Monark, um dos fundadores do Flow, deixou o podcast, depois de ser muito criticado por defender a criação de um partido nazista no Brasil.


Leia também


Últimas notícias