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Lula confirma Nísia Trindade para a Saúde. Conheça a futura ministra

Nísia Trindade será a primeira mulher a chefiar a Saúde no Brasil. Com carreira premiada na ciência, a presidenta da Fiocruz conduziu o processo que resultou na primeira vacina contra a covid totalmente nacional

Reprodução/Facebook
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Durante a pandemia de covid-19, a futura ministra desempenhou um papel exemplar no enfrentamento da maior crise sanitária e hospitalar da história do Brasil

São Paulo – A ciência comemorou a indicação de Nísia Trindade Lima para o cargo de ministra da Saúde. Primeira mulher a chefiar a pasta, Nísia é cientista e presidenta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O presidente eleito e diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou seu nome na manhã de hoje (22). Nísia possui extensa carreira acadêmica e é referência na história da ciência e da saúde pública do país. Durante a pandemia de covid-19, a futura ministra desempenhou um papel exemplar no enfrentamento da maior crise sanitária e hospitalar da história do Brasil.

Nísia é pesquisadora da Fiocruz desde 1987. Ela foi a primeira presidente mulher da fundação e passou por diversos cargos, como diretora da Casa Oswaldo Cruz e vice-presidenta de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz. A profissional coordenou o acordo de transferência tecnológica para a produção de vacinas da AstraZeneca no Brasil, que resultou na primeira vacina contra a covid-19 totalmente nacional. Até hoje, sob seu comando, a Fiocruz já entregou mais de 200 milhões de doses.

Além disso, em setembro de 2021, a Fiocruz foi selecionada pela OPAS/OMS como centro de referência em vacinas de mRNA na América Latina. O Instituto de Tecnologia em Imunobiologia da instituição (Bio-Manguinhos) hoje é um centro líder na produção de imunizantes no continente.

Mesmo ligada ao Ministério da Saúde, a Fiocruz, sob comando de Nísia, fez frente ao negacionismo do governo de Jair Bolsonaro (PL). Desde o início da pandemia, a futura ministra tomou posições claras em defesa da ciência. Então, defendeu a segurança e importância das vacinas, além de medidas não farmacológicas, como uso de máscaras, para conter o vírus.

Nísia Trindade e política

Por sua postura de defesa da ciência, Bolsonaro tentou impedir que Nísia assumisse um segundo mandato à frente da Fiocruz. Ela foi reeleita em 2020 com 87% dos votos do corpo de trabalhadores da instituição. À época, a pasta era comandada pelo general Eduardo Pazuello, responsável pela gestão da Saúde nos piores momentos da pandemia de covid-19, incluindo as mortes por asfixia sem fornecimento de oxigênio em Manaus.

Não foi a primeira vez que Nísia encontrou dificuldades no campo da política, por sua postura firme. Em janeiro de 2017, durante o governo Michel Temer (MDB) o então ministro da Saúde Ricardo Barros – líder do governo Bolsonaro na Câmara – tentou impedir que Nísia assumisse a presidência da Fiocruz. Contudo, após pressão de cientistas e de parlamentares, ela tomou posse.

Mais trabalhos

Nísia ocupará o cargo de ministra após a saída de Marcelo Queiroga. Sua missão é de reconstruir uma das áreas que o governo Bolsonaro mais se dedicou a destruir. Sobra um rastro de caos na área após as investidas negacionistas do político de extrema direita. Ataques contra a segurança das vacinas levaram o Brasil a um patamar alarmante de baixa imunização contra doenças como a poliomielite e sarampo. Sobre a covid-19, o atual governo sequer deixou qualquer plano para 2023. Soma-se a isso a fila de procedimentos no SUS que conta com mais de 1 milhão de atrasos.

Contudo, não falta experiência para Nísia. Primeiramente, a futura ministra contará com sua trajetória de interdisciplinaridade e expertise em gestão. Entre outros desafios, Nísia já coordenou a Rede Zika Ciências Sociais, parte da Zika Alliance Network (2018); foi membro do grupo de trabalho de Plano de Ação Global da OMS (2018); do grupo consultivo da OMS para a implementação da Agenda 2030 (2019); entre outros.

Então, em 2020, foi eleita titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) na categoria Ciências Sociais e, em setembro de 2021, tornou-se membro independente do Conselho da Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi), tendo recebido diversos prêmios ao longo dos últimos anos pelo reconhecimento de seu trabalho.

Repecursão na ciência

Confira alguns comentários de cientistas sobre o anúncio de Nísia à frente da Saúde.


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