Na pressão

Gurgacz cede e vai debater Pacote do Veneno com equipe da transição de Lula

O presidente da Comissão de Reforma Agrária e Agricultura do Senado concordou em discutir o PL com GT de saúde e meio ambiente da equipe de Lula. Presidente eleito é contra o avanço da proposta

Filipi Castilhos/RS
Filipi Castilhos/RS
Causadores de diversas doenças graves, os agrotóxicos gozam de benefícios fiscais que beiram a isenção total

São Paulo – O presidente da Comissão de Reforma Agrária e Agricultura (CRA) do Senado, Acir Gurgacz (PDT-RO), concordou em discutir o chamado Pacote do Veneno com grupos de trabalho da equipe de transição do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com isso, o senador adiou para amanhã (30) a votação da proposta, antes prevista na agenda da manhã desta terça-feira do colegiado.

Em sua conta no Twitter, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) informou que Gurgacz aceitou sua sugestão feita na reunião passada, na últim quinta-feira (24). Na ocasião, Eliziane, que integra a CRA e também a equipe de transição de Lula, enfatizou que o Pacote do Veneno é rechaçado por Lula e pelos grupos de trabalho sobre Saúde e Meio Ambiente.

Rejeitado por Lula, Pacote do Veneno tem votação adiada em comissão do Senado

@acirgurgacz aceitou sugestão q fiz durante a reunião e retirou da pauta de hj o PL do Veneno. Vamos nos reunir nesta tarde com os grupos de trabalho da Saúde e Meio Ambiente da equipe de transição de governo p/avaliar mudanças no texto. Vamos lutar por um acordo”, escreveu a senadora.

País com menos veneno

Na reunião de quinta-feira, a senadora Eliziane destacou o retrocesso trazido à saúde e meio ambiente por uma proposta que só interessa aos ruralistas e a pessoas que desconhecem o seu conteúdo. “Da forma que está, projeto não é defendido por Lula. Vai trazer prejuízos grandes. São mais de 1.900 novos agrotóxicos autorizados nos últimos quatro anos. Mais do que nos últimos 20 anos no Brasil. Ibama e Anvisa podem até opinar, mas a palavra final será da Agricultura. A saúde fica em segundo plano”, disse na ocasião.

De interesse dos ruralistas apoiadores de Jair Bolsonaro, o Projeto de Lei (PL) 1.459/2022 é resultante de substitutivo aprovado na Câmara em fevereiro. Na prática, facilita ainda mais o registro, produção, comercialização e uso de agrotóxicos. E dificulta a fiscalização.

Na mesma reunião, ela se dirigiu a outro integrante da equipe de transição e da Comissão no Senado, o empresário do setor agropecuário Carlos Fávaro (PSD-MT), defensor da proposta em discussão. “Fávero, que pode ser ministro da Agricultura, a favor do Pacote do Veneno, o presidente (eleito) Lula está vendo isso. Na transição, Meio Ambiente e Saúde não concordam. Vamos impedir, com apoio de Lula.”


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