Na mira da Justiça

Governador afastado do DF, Ibaneis Rocha é alvo de busca e apreensão

Outro alvo das operações é o ex-secretário-executivo de Segurança Fernando de Souza Oliveira. Eles são suspeitos de omissão dolosa ante os atos terroristas em Brasília

Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Bolsonarista, governador afastado nega participação em conluio golpista

São Paulo – A Polícia Federal (PF) cumpre nesta sexta-feira (20) mandados de busca e apreensão contra o governador afastado do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha (MDB). Outro alvo é o ex-secretário-executivo de Segurança Pública do DF Fernando de Souza Oliveira. Os pedidos de busca partiram da Procuradoria-Geral da União (PGR). E foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os dois são investigados em inquérito que apura a omissão de autoridades durante os atos terroristas, na capital federal, no dia 08 de janeiro.

Os policiais cumprem mandados no Palácio do Buriti, sede do governo distrital em Brasília, na casa de Ibaneis – que fica no Lago Sul, área nobre da capital federal –, e num escritório ligado ao governador afastado. Além disso, os agentes foram até a Secretaria de Segurança Pública e na residência do ex-secretário.

Assim, o Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da PGR pretende colher documentos que ajudem a esclarecer os motivos que levaram as autoridades do DF a negligenciarem a ameaça representada por bolsonaristas, que de predaram as sedes dos Três Poderes da República.

“O objetivo é buscar provas para instruir o inquérito instaurado para apurar condutas de autoridades públicas que teriam se omitido na obrigação de impedir os atos violentos registrados em 8 de janeiro em Brasília”, afirmou a PGR, em nota.

Depoimentos

A coleta de provas ocorre após Ibaneis e Oliveira prestarem depoimentos à PF. Nesse sentido, na última sexta-feira (17), o governador afastado apontou o seu ex-secretário de Segurança Anderson Torres – também ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro – como o responsável por garantir a ordem na capital federal.

No entanto, Torres viajou “de férias” para os Estados Unidos e não estava em Brasília no dia dos atos golpistas. Ibaneis exonerou o secretário no mesmo dia, ao passo que o presidente Lula decretava intervanção federal na segurança pública do Distrito Federal. Na sequência, o governador foi afastado pelo STF. Dois dias depois, a Suprema Corte também determinou a prisão de Torres, cumprida no última sábado, quando ele retornou ao país.

Conversa

Em sua defesa, Ibaneis afirmou que, no dia dos atentados terroristas, estava sendo informado por Oliveira – substituto de Torres – sobre as movimentações dos bolsonaristas. “Tá um clima bem tranquilo, bem ameno, uma movimentação bem suave e a manifestação totalmente pacífica”, afirmou o adjunto, em áudio endereçado ao governador.

Horas depois, assim que os bolsonaristas iniciaram a quebradeira, o então governador disse que ficou “absolutamente surpreendido com a falta da resistência exigida para a gravidade da situação”, por parte dos policiais militares.

Nesta quinta (19), Fernando de Souza Oliveira reconheceu o óbvio durante depoimento à PF. Disse que a Polícia Militar errou na execução do plano para garantir a segurança na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes. No entanto, afirmou que foi Torres quem elaborou o plano em questão, e não ele. Além disso, acrescentou que não recebeu nenhuma “diretriz específica” do então secretário. E que Torres nem sequer chegou a apresentá-lo aos comandantes das forças de segurança do DF antes de viajar.

Na semana passada, o interventor de Segurança Pública no Distrito Federal (DF), Ricardo Cappelli, afastou Oliveira e outros 12 servidores do órgão, que atuaram – ou se omitiram – durante a invasão. Todos os servidores exonerados foram nomeados por Torres.