"Nojenta fake news"

Gleisi vai à Justiça contra Nikolas por associar o PT ao caso Marielle

Nikolas chamou suposto mandante do assassinato de Marielle de “petista” para tentar encobrir as relações de Domingos Brazão com o clã Bolsonaro

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Bolsonaro concedeu passaportes diplomáticos a familiares de Domingos Brazão, chamado de "petista" por Nikolas

São Paulo – A presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que irá acionar a Justiça contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Pelas redes sociais, o parlamentar bolsonarista afirmou que o suposto mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) seria “petista”. Ele fazia referência ao ex-deputado Domingos Brazão que teria sido delatado pelo ex-policial Ronnie Lessa.

“A turma do Bolsonaro nem esperou a Justiça validar a delação do assassino de Marielle e Anderson pra espalhar mentiras contra o PT. É nojenta a fakenews do bolsonarista Nikolas e ele terá de responder por mais este crime”, afirmou Gleisi no X (ex-Twitter).

“Quem teve apoio do suposto mandante em 2018 foi Jair Bolsonaro, prometendo “metralhar os petistas”. Tudo q o PT quer é q a Polícia, o MP e a Justiça concluam a investigação, sem interferências q a prejudiquem. O mandante desse crime, seja quem for, tem de pagar!”, acrescentou Gleisi.

Assim, como “prova” de que Brazão seria “petista”, Nikolas publicou uma foto dele com um adesivo da campanha da ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2014. Atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Brazão já integrou o PL, o PTdoB e MDB. No entanto, nunca se filiou ao PT ou a qualquer partido de esquerda.

Próximo a clã Bolsonaro

Provavelmente a tentativa de Nikolas de associar Brazão ao PT busca acobertar a relação do suposto mandante do assassinato de Marielle com o clã Bolsonaro. Isso porque, em 2019, primeiro ano do governo do então presidente Jair Bolsonaro, o Itamaraty concedeu passaportes diplomáticos a parentes de Brazão. Receberam o benefício o então deputado Chiquinho Brazão (Avante-RJ), sua esposa e seu filho. Irmão de Domingos, Chiquinho fez campanha para Bolsonaro em 2022.

Além disso, reportagem da revista Fórum aponta que Domingos Brazão e Flávio Bolsonaro “faziam dobradinha na defesa das milícias do Rio de Janeiro”, quando ambos eram deputados na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). “Em 2006, quando Marcelo Freixo criou a CPI das Milícias, somente os dois se posicionaram contra”, diz a reportagem. Assim como o clã Bolsonaro, a família Brazão tinha como base eleitoral a favela de Rio das Pedras, a primeira ocupada por milicianos na capital fluminense.