Até a vitória

Lula: ‘Temos que conversar com todas as pessoas que não votaram conosco no primeiro turno’

Novamente em campanha, ex-presidente afirma que pretende reunir todos os democratas do país para derrotar a desumanidade representada pelo governo Bolsonaro

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Entre os que elencaram os motivos para votar em Lula, pesquisadores, professores, lideranças populares, entre outros

São Paulo – O candidato da coligação Brasil da Esperança à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu início à campanha pelo segundo turno das eleições presidenciais anunciando, nesta segunda-feira (3), que vai conversar com todas as lideranças políticas do país. O objetivo é unir, num só bloco, todas as representações democratas para derrotar o autoritarismo e a falta de humanidade representados pela candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o partido já deu início a conversas com o MDB, o PDT e o União Brasil (UB) para ter Simone Tebet, Ciro Gomes e Soraya Thronicke na campanha do segundo turno pela Presidência do Brasil. Tanto Lula como Gleisi sinalizaram pontes inclusive com setores do PSDB.

O ex-presidente disse que o “Lulinha paz e amor” está pronto para conversar com todo mundo. Além disso, afirmou que “a polarização que atinge o Brasil é real”, com dois lados antagônicos se enfrentando. “Um lado que defende a democracia, o estado de bem-estar social. E tem outro que a gente poderia dizer que foi genocida, que carrega nas costas a culpa por pelo menos metade das pessoas que morreram por falta de responsabilidade (na pandemia)”.

Lula lembrou outras vitórias das frentes progressistas no segundo turno – caso das eleições presidenciais de 2002, 2006, 2010 e 2014. Destacou que Jair Bolsonaro (PL) é o primeiro presidente a perder o primeiro turno das eleições. Também ressaltou que cerca de 60% dos eleitores votaram contra o atual presidente.

Aprofundar o debate

Assim como disse ontem, após o fim da apuração do primeiro turno, Lula voltou a afirmar que o segundo turno é a oportunidade de aprofundar o debate de ideias e propostas. “A sociedade brasileira vai aprender com muita rapidez a diferença entre a nossa candidatura – que defende a verdade e a democracia, que defende um estado de bem-estar social, e a participação efetiva da mulher e dos negros na política – e um candidato que não gosta de democracia, que não gosta de cultura, que não gosta de livro. Que prefere falar em armas. Uma pessoa que não tem piedade, nem compaixão, da fome que atinge 33 milhões de pessoas nesse país”, declarou. “Isso vai ficar muito visível, a partir de amanhã”.

Além disso, Lula citou propostas de combate ao desemprego e às mudanças climáticas como exemplo de ideias para se opor a Bolsonaro. Também citou a necessidade de fortalecer o SUS, enquanto o atual presidente reduziu investimentos na Saúde Pública. Do mesmo modo, disse que é hora do movimento estudantil ocupar as ruas, porque o projeto bolsonarista corta investimentos em educação e pesquisa.

“Temos muitas, muitas coisas. A questão das mulheres, a questão do povo negro. Temos muitos assuntos para gente colocar na campanha, debater e ganhar as eleições. Estou convencido, disse ontem, que nós apenas retardamos um pouco (a vitória).

Percorrer o Brasil

O ex-presidente anunciou que pretende voltar a percorrer o país, para “conversar mais com o povo”, visitando regiões que ficaram de fora da sua agenda no primeiro turno. “Vamos voltar a percorrer o Brasil em todos os estados que tiver segundo turno. E alguns estados que não tiver segundo turno, nós vamos também. Porque eu estou convencido que nós vamos alargar nossa vantagem no Nordeste. Que a gente vai alargar a nossa vantagem em Minas Gerais. Vou visitar regiões de Minas que eu deveria ter visitado e não pude visitar”. Por fim, disse que o “a hora é de menos conversa entre nós e mais conversa com o eleitor”.