Eleições presidenciais

Rejeitado por mais de 50%, Bolsonaro é primeiro presidente a perder primeiro turno

Desde que a reeleição foi aprovada, o presidente sempre ganhou. Nos casos em que houve segundo turno, a vitória sempre foi do que ficou à frente na primeira rodada

Reprodução
Reprodução
Debate em 1989: primeira eleição para presidente após a ditadura teve número recorde de 22 candidatos

São Paulo – O atual presidente conseguiu levar a disputa para o próximo dia 30, mas desde que a emenda da reeleição foi aprovada, em fevereiro de 1997, nunca um presidente havia perdido no primeiro turno, como aconteceu agora com Jair Bolsonaro (PL). Desde 1998, os resultados mostram vitória do mandatário – inclusive sem necessidade de segunda rodada. Além disso, nos casos em que houve segundo turno a vitória sempre foi daquele que ficou à frente no primeiro. Agora, o presidente enfrenta grande rejeição. O Datafolha, por exemplo, mostrou que 52% não votariam nele de jeito nenhum.

Em 1989, na primeira eleição presidencial direta no pós-ditadura, nada menos que 22 candidatos estavam na disputa. Foram para o segundo turno Fernando Collor (então no PRN) e Luiz Inácio Lula da Silva, com 30,48% e 17,19%, respectivamente. A briga pela segunda vaga foi acirrada; Leonel Brizola ficou logo atrás, com 16,51% – Mário Covas (PSDB) teve 11,51%. No segundo turno, Collor venceu com 53%, ante 47% de Lula.

A eleição seguinte, em 1994, foi marcada pelo Plano Real, que mudou os rumos do pleito. Ministro da Fazenda de Itamar Franco (que havia assumido em 1992, após o impeachment de Collor), Fernando Henrique Cardoso surfou na onda do controle da inflação e venceu logo no primeiro turno, com 54,24%. Lula ficou com 27,07%%.

Quatro anos depois, o cenário praticamente não se alterou. FHC ganhou de novo no primeiro turno, com 53,06%, enquanto Lula teve 31,71%. Em terceiro lugar ficou Ciro Gomes, então no PPS, com 7,4%.

Já 2002 combinou o desgaste do governo tucano e da economia com a política de alianças de Lula, que escolheu o empresário José Alencar como vice. O petita ficou perto de resolver no primeiro turno, ao receber 46,44% dos votos. José Serra (PSDB) teve 23,19% e Ciro, 12%. Na segunda votação, deu Lula: 61,27%, ante 38,73% do tucano.

Em 2006, o então presidente Lula teve votação semelhante, com 48,61%, enquanto o principal oponente, Geraldo Alckmin, hoje seu vice, recebeu 41,64%. No segundo turno, nova vitória expressiva do petista, com 60,83%, ante 39,17% do ex-governador, agora no PSB.

Indicada por Lula, a ex-ministra Dilma Rousseff superou Serra no primeiro turno de 2010: 46,91% a 32,61%. Marina Silva (PV) teve votação expressiva, com 19,33%. No segundo, Dilma ganhou com 56,05%. Serra teve 43,95%.

A briga foi mais apertada em 2014, com a economia patinando e instabilidade política. Candidata à reeleição, a presidenta Dilma teve 41,59% dos votos no primeiro turno, enquanto Aécio Neves (PSDB) recebeu 33,55%. De novo, Marina foi bem: 21,32%. A campanha foi marcada, ainda, pela morte do candidato Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco, em acidente aérea. No final, Dilma teve a 51,64% dos votos válidos e Aécio, 48,36%.

A eleição mais recente, em 2018, foi antecedida pelo impeachment de Dilma, dois anos antes, com a posse do vice, Michel Temer. Na sequência, o favorito Lula foi preso e impedido de participar. Em seu lugar, o ex-ministro Fernando Haddad, agora candidato a governador paulista, ficou com 29,28%, ante 46,03% de Jair Bolsonaro. No segundo turno, o atual presidente teve 55,13% e Haddad, 44,87%.