Negociações por democracia

Partidos da aliança de Simone Tebet e PDT de Ciro Gomes devem definir hoje sua posição por apoio a Lula

Expectativa é de que ex-candidata do MDB se posicione a favor do petista. Ciro deve seguir posição do PDT, que vai apoiar o ex-presidente

Reprodução/Montagem/RBA
Reprodução/Montagem/RBA
Ciro e Simone tiverem juntos 8,5 milhões de votos. Aliança de Lula negocia apoio a Eduardo Leite no RS

São Paulo – O PDT, partido da candidatura de Ciro Gomes à presidência da República, deve anunciar nesta terça-feira (4) sua posição sobre o apoio a Lula no segundo turno. O ex-governador do Ceará teve 3,04% de preferência (3,6 milhões de votos) e ficou em quarto lugar na disputa. Ele deve seguir a decisão do partido, apesar de todas as críticas que fez a Lula e ao PT durante a campanha de primeiro turno.

Segundo o jornal O Globo, a assessoria de Ciro confirmou a decisão. O PDT antecipou de quarta-feira para hoje (4) a reunião da executiva nacional do partido para discutir o assunto. São aguardados também os posicionamentos dos partidos da aliança da ex-candidata Simone Tebet (MS), formada por Cidadania, PSDB, Podemos e o próprio MDB. Alas das legendas defendem uma decisão consensual, o que não é fácil de se obter. O MDB vai liberar os filiados.

A campanha de Lula acena com apoio ao ex-governador Eduardo Leite (PSDB) no Rio Grande do Sul, onde o tucano disputa o segundo turno com o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL). Em troca, o PT manteria alguma equidistância em Pernambuco, estado onde Marília Arraes (Solidariedade) disputa com Raquel Lyra (PSDB). Por um acordo, Lula não visitaria Pernambuco no segundo turno. O cacique do Ceará Tasso Jereissati declarou apoio a Lula nessa segunda (3).

Espólio de Simone e Ciro

O espólio de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes para este segundo turno não é nada desprezível. Ambos somam 8,5 milhões de votos. A senadora, que disputou a Presidência pela primeira vez, obteve 4,9 milhões de votos (4,1%). No domingo (2), assim que foi confirmado o segundo turno entre Lula e Bolsonaro, Tebet fez um pronunciamento incisivo no qual afirmou que a decisão já estava tomada e que ela ficará “ao lado do povo”. “A palavra agora está com os presidentes dos partidos. É a hora de se posicionarem e se pronunciarem”, afirmou Tebet.

Apesar das críticas a Lula na disputa, Ciro Gomes disse que “qualquer imbecil” sabe as diferenças entre Lula e Bolsonaro. Mas ele atacou os dois candidatos com frequência, afirmando que os dois buscariam implementar o mesmo modelo econômico. O pedetista teve 3,6 milhões de votos no primeiro turno.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, defende o apoio a Lula. Ele já conversou com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e disse ter sugerido que o PT e aliança assumam três propostas de Ciro Gomes (PDT): o programa que prevê zerar dívidas do SPC, o plano de renda mínima e um projeto de educação em tempo integral. Lupi disse, ainda na segunda, que Gleisi “disse há pouco, pelo WhatsApp, que já aceitou”.

Roberto Freire e Rodrigo Neves

O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, em nota divulgada nesta segunda-feira, afirmou que já encaminhou à Executiva Nacional do partido sua recomendação a favor do apoio a Lula.

Ex-candidato do PDT ao governo do Rio, o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves se manifestou pelo Twitter. “Sigo a orientação partidária, mas defenderei que diante das ameaças à democracia e Instituições do Estado Democrático de Direito, da barbárie social com a precarização do trabalho e da vida dos mais humildes, das ameaças irreversíveis ao meio ambiente e a Amazônia, que o trabalhismo declare apoio e se engaje na vitória do Brasil e do presidente @LulaOficial”, escreveu.

As estratégias de Lula e Bolsonaro são diferentes no momento. A campanha de Lula tem privilegiado as conversas com lideranças partidárias. O atual presidente, por sua vez, tem investido em contatos diretos com governadores eleitos. Ele já conseguiu o apoio de Romeu Zema (Novo) em Minas, e já procurou Cláudio Castro. Ambos foram reeleitos no domingo.

Leia mais: