Quem avisa amigo é

Fachin alerta diplomatas estrangeiros para ‘acusações levianas’ contra eleições no país

Enquanto isso, Bolsonaro avisa que não pretende ir a debate no primeiro turno. “Se eu fosse ele tomava cuidado, pode ser que o segundo turno não chegue”, ironiza Alexandre Padilha

Divulgação/TSE e Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Divulgação/TSE e Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
“Convido a corpo diplomático sediado em Brasília a buscar informações sérias",pede Fachin

São Paulo – Em evento dirigido a diplomatas estrangeiros nesta terça-feira (31), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, alertou para as informações falsas disseminadas pelo bolsonarismo sobre as eleições no Brasil. “Convido a corpo diplomático sediado em Brasília a buscar informações sérias e verdadeiras sobre a tecnologia eleitoral brasileira, não somente aqui no TSE, mas junto a especialistas nacionais e internacionais”, pediu o ministro.

Ele destacou a necessidade de a comunidade internacional estar “alerta contra acusações levianas” dirigidas ao sistema eleitoral. Como faz em relação ao Supremo Tribunal Federal, Jair Bolsonaro e seus seguidores sistematicamente atacam o TSE e seus magistrados, além de levantar dúvidas sobre as urnas eletrônicas.

As eleições brasileiras deste ano terão a atenção de vários observadores internacionais. Estão previstas as presenças de representantes do Parlamento do Mercosul (Parlasul), do Carter Center, com sede nos Estados Unidos, da Fundação Internacional para Sistemas Eleitorais (Ifes, na sigla em inglês) e da Rede Eleitoral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A Organização dos Estados Americanos (OEA), composta por 34 países, enviará mais observadores do que em 2018. O objetivo das missões é “aumentar a transparência, promover o fortalecimento institucional e defender a democracia brasileira”, afirmou o TSE no início do mês.

Inspiração em Trump

A campanha bolsonarista contra a legitimidade das urnas, que afeta as eleições no Brasil, é inspirada no exemplo de Donald Trump. Ex-presidente dos EUA, o republicano insuflou uma multidão a invadir o Capitólio (o prédio do Congresso) em 6 de janeiro de 2021, após a pregação de que a eleição fora fraudada.

Em sabatina no Senado norte-americano há duas semanas, a diplomata Elizabeth Bagley – indicada pelo presidente Joe Biden para ser a nova embaixadora no Brasil – afirmou que o processo eleitoral brasileiro “não será fácil, por todos os comentários dele (Bolsonaro)”. No entanto, ela manifestou a expectativa de “uma eleição justa” e crença nas instituições brasileiras.

Sem surpresa

Bolsonaro, por sua vez, segue a rotina de uma declaração provocativa a cada dia. Nesta terça, deu a entender que não participará de debates em rádio e TV contra adversários, pelo menos no primeiro turno.

“Se eu for para o segundo turno, devo ir, né, vou participar. No primeiro turno, a gente pensa”, disse. Ele alegou que, se for a debate antes de 2 de outubro, “vão querer todo o tempo dar pancada em mim”.

Em suas redes sociais, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) ironizou: “Pra surpresa de ninguém, Bolsonaro mandou avisar que vai fugir de todos os debates no primeiro turno. Se eu fosse ele tomava cuidado, pode ser que o segundo turno não chegue”, escreveu o parlamentar.