Na mira

Deputada incluída em inquérito por participar de terrorismo agora diz ser ‘contrária a qualquer ato de violência’

Clarissa Tércio começou o ano sendo condenada na Justiça a pagar R$ 10 mil de indenização por transfobia

Divulgação/Alepe
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“Acabamos de tomar o poder", disse Clarissa junto a terroristas. Depois afirmou ser contra vilência

São Paulo – A deputada federal eleita Clarissa Tércio (PP-PE) vai começar seu primeiro mandato na Câmara como alvo da Justiça, mais especificamente do Supremo Tribunal Federal (STF), e por motivo torpe, por sua suposta participação dos atos de terrorismo em Brasília, no dia 8. Ela e os também deputados André Fernandes (PL-CE) e Sílvia Nobre Lopes, mais conhecida como Silvia Waiãpi (PL-AP), passaram a ser investigados em inquérito aberto pelo ministro Alexandre de Moraes por apoiar os atos de vandalismo, com postagens nas redes sociais.

A decisão da abertura dos inquéritos foi a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Apesar da indignação causada pela postura de três parlamentares que atacaram a democracia apesar de eleitos, eles só perderão o mandato por decisão do próprio Legislativo.

Clarissa Tércio já começou o ano devendo à Justiça em outro caso. Na semana passada ela foi condenada em primeira instância a pagar R$ 10 mil por transfobia e uso indevido de imagem ao expor um casal transsexual nas redes sociais indevidamente.

“Acabamos de tomar o poder”

No caso do apoio ao terrorismo em Brasília, a deputada Clarissa virou alvo porque postou um vídeo no Instagram no qual, segundo Moraes, “incentivou e apoiou os atos criminosos ocorridos naquela data”. O ministro do STF então cita na decisão a fala da parlamentar. “Acabamos de tomar o poder. Estamos dentro do Congresso. Todo povo está aqui em cima. Isso vai ficar para a história, a história dos meus netos, dos meus bisnetos”, disse a deputada, que mesmo depois de eleita participava dos atos de invasão e ataque.

Já depois de incluída na investigação, a parlamentar que toma posse dia 1° foi procurada pelo portal g1 e disse o seguinte: “Faço questão de ratificar que sou totalmente contrária a qualquer ato de violência, vandalismo ou de destruição do patrimônio público, que venha ameaçar a nossa democracia e a partir de agora, vou aguardar de forma tranquila a apuração dos fatos, com a certeza de que a verdade prevalecerá”.

Fernandes (Reprodução)

Cinismo

Por sua vez, o deputado André Fernandes, segundo o STF em seu site, é investigado por vídeos publicados no Twitter convocando “ato contra o governo Lula”, e prometendo que estaria presente. Depois dos atos terroristas, postou imagem da porta de um armário vandalizado do STF, com o nome do ministro Alexandre de Moraes e a legenda: “Quem rir vai preso”.

Então deputado estadual, Fernandes foi condenado em 2021 pela Justiça de São Paulo a indenizar a jornalista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello em R$ 50 mil após acusar a profissional de oferecer sexo em troca de informações contra Bolsonaro.

Sílvia Waiãpi (Reprodução)

E a deputada Sílvia Waiãpi postou vários vídeos nas redes sociais estimulando os atos terroristas. Comemorou em vídeo a “tomada do poder” em meio às depredações e depois apagou os posts.

A bolsonarista foi a primeira mulher indígena a entrar para o Exército. Ironicamente, ela foi secretária de Saúde Indígena no governo de Jair Bolsonaro até 2020.

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