Contra o retrocesso

Contraf critica saída de mulheres do alto escalão da Caixa, após avanço do Centrão

Representação dos bancários também cobra manutenção do caráter público e da responsabilidade social do banco, após a nomeação de sete novos vice-presidentes

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Trocas no alto escalão da Caixa representam "grande retrocesso”, segundo a secretária da Mulher da Contraf-CUT

São Paulo – A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) divulgou nota em que questiona a redução de espaço das mulheres no alto escalão da Caixa Econômica Federal. Nesta quarta-feira (24), o Conselho de Administração do banco aprovou a nomeação de sete novos vice-presidentes. São todos homens, indicados por partidos do Centrão e da base aliada. Três deles vão assumir cargos até então ocupados por mulheres.

A isso se soma a troca de comando na Caixa em outubro, quando a então presidenta Maria Rita Serrano deu lugar a Carlos Antônio Vieira Fernandes. Antes, como agora, as mudanças contariam com o aval do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Na ocasião, a Contraf-CUT se manifestou contra a substituição, ressaltando que Caixa não poderia ser “moeda de troca política”. Desta vez, a entidade chama a atenção para o retrocesso na questão da diversidade.

“Um dos grandes desafios da categoria, na questão da diversidade, é o número reduzido de mulheres nos cargos de liderança, cargos de gestão. Então, essas trocas representam um grande retrocesso”, avaliou a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes. “Na categoria bancária, nós mulheres, somos cerca de 50% do quadro, mas essa proporção não se reflete nos espaços de cargos de gerência e de comando das instituições”, completou.

A confederação destaca levantamento do Dieese que aponta que as mulheres, em 2021, representavam 48,4% do total da categoria bancária. No entanto, ocupavam apenas 46,5% dos cargos de liderança.

Caráter público

Por outro lado, a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, a Fabi, revelou preocupação com a manutenção do caráter público da Caixa. Além da responsabilidade com o atendimento à população, o banco deve manter seu compromisso com o desenvolvimento social e econômico de todo o país.

“Esperamos que esta responsabilidade social e de desenvolvimento do país não seja afetada com as substituições que estão sendo realizadas na Caixa”, disse Fabi. “A Caixa é pública e assim deve permanecer, independente de quem assuma o controle do banco”. Nesse sentido, destacou que o banco chega a localidades nas quais os bancos privados não têm interesse.

Do mesmo modo, ela destacou a importância da Caixa no desenvolvimento regional. “Os bancos públicos, como a Caixa, disponibilizam crédito para todas as regiões do país. Os bancos privados concentram sua atuação na região Sudeste. Só disponibilizam recursos para quem já tem dinheiro. Isso gera ainda mais concentração de renda e o aumento da desigualdade no país”, ressaltou.

Segundo levantamento do Dieese, em junho de 2023 os bancos públicos foram responsáveis por 40% do crédito ofertado no país. Esse total chegou a 51% na região Norte, 52% no Centro-Oeste, 50% no Nordeste, 44% na região Sul e 39% na região Sudeste.


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