Rechaço

Contraf-CUT reage a assédio do Centrão contra presidenta da Caixa

“A Caixa é do Brasil e não moeda de troca política”, afirma a Contraf-CUT, que defende a participação feminina no banco público

Joédson Alves/Agência Brasil
Joédson Alves/Agência Brasil
Assédio do Centrão mira cargos ocupados por mulheres no primeiro escalão

São Paulo – A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) divulgou nota nesta segunda-feira (24) em que revela “preocupação” com a retomada da pressão dos partidos do chamado Centrão para assumir o controle da Caixa Econômica Federal. Grupos ligados ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), inclusive já fizeram chegar ao governo possíveis nomes para ocupar a cadeira da atual presidenta, Rita Serrano.

A imprensa comercial aponta o nome do ex-ministro Gilberto Occhi como o preferido do Centrão. Ele chegou a ocupar a presidência do banco público entre 2016 e 2018, durante o governo Temer, após o golpe do impeachment. Até o momento, o governo vem resistindo. No entanto, eventuais trocas no primeiro escalão são esperadas para o mês que vem, após o fim do recesso do Congresso Nacional.

Para a Contraf-CUT, a Caixa não é “moeda de troca política”. Nesse sentido, a entidade destaca que o banco público é “sinônimo de crédito mais acessível e com percentual justo para famílias e atividades que necessitam de expansão e que geram emprego e renda”. Já os grupos representados pelo Centrão atuariam no sentido contrário, “pela manutenção do coronelismo e da concentração de renda”.

“Reforçamos nossa defesa da Caixa como banco público, que priorize a participação feminina em cargos de liderança, como também de profissionais de carreira, conhecedores de sua estrutura e da sua missão, que é fomentar a inclusão social e o desenvolvimento do país, para que possamos deixar, definitivamente, no passado as consequências das práticas do velho poder político, que são o atraso econômico, as desigualdades regionais e a concentração de renda”.

Machismo

Além dos recursos vultosos, a Caixa é alvo do assédio do Centrão por desempenhar papel essencial em dois dos programas sociais mais importantes do governo: o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Ademais, o banco tem agências espalhadas por todo o país.

Por outro lado, a Contraf-CUT destaca o caráter machista da investida do Centrão. Isso porque, além da Caixa, o grupo já mirou também o ministério da Saúde, comandado pela ministra Nísia Trindade, e o ministério do Esporte, sob comando de Ana Moser. Para tentar vencer as resistências do governo em relação à troca, o nome da ex-deputada federal Margarete Coelho (PP-PI) surgiu recentemente como alternativa ao nome de Occhi.

“Rechaçamos com veemência o ataque do Centrão aos cargos ocupados por mulheres. Chega de violência política, de violência doméstica, de salários menores e de invisibilidade. As mulheres representam metade da população brasileira, e exigimos que elas estejam em todos os espaços da sociedade brasileira, inclusive na construção e no exercício da política”, diz a nota dos trabalhadores.