São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua a blindar a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e descartou mudanças no Ministério da Saúde (MS). Em discurso na 17ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), em Brasília, nesta quarta-feira (5), ele disse que Nísia vai chefiar a pasta “até quando eu quiser”. Ele relatou ter visto uma nota de jornal de que “alguém” reivindica a Saúde e, por isso, resolveu ligar para Nísia. “Eu disse: ‘Nísia, vá dormir e acorde tranquila porque o Ministério da Saúde é do Lula, foi escolhido por mim e ficará até quando eu quiser”, contou.

Há semanas é veiculado incessantemente na mídia que o Centrão quer a todo custo “colocar” um ministro que possa chamar de seu na poderosa pasta, cujo orçamento atualizado é de R$ 183,8 bilhões. Chegou-se a informar que o bloco informal só garantiria fidelidade ao Planalto em votações na Câmara se Lula “entregar” a Saúde.

Hoje, além demais uma vez blindar a ministra, Lula elogiou seu trabalho. A Saúde é uma pasta não apenas socialmente essencial, como também é fundamental do ponto de vista político, considerando a gestão devastadora de Jair Bolsonaro, que agravou brutalmente os efeitos da pandemia de covid-19 no país.

SUS x pandemia, um paradoxo

Isso sem contar outras consequências do governo anterior, como a tentativa de sucatear o SUS. Paradoxalmente, a própria pandemia evitou que esse projeto se consumasse, já que o próprio bolsonarismo precisou do sistema.

“Poucas vezes na vida a gente teve a chance de ter uma mulher no Ministério da Saúde para cuidar do povo com o coração, como a mãe cuida dos seus filhos. E eu não tenho dúvida, eu tive muita sorte com os meus ministros da Saúde, todos eles foram extraordinários, mas precisou uma mulher para fazer mais e fazer melhor do que todos nós somos capazes de fazer”, disse Lula ainda, no evento.

Segundo ele a covid-19 um dia “será estudada com mais profundidade” e então “alguém será julgado pela irresponsabilidade e pelo descaso que houve no tratamento do SUS”.

A Conferência Nacional de Saúde

A Conferência Nacional de Saúde (CNS) começou no último domingo (2) e termina hoje em Brasília. O tema do evento é Garantir Direitos, defender o SUS, a Vida e a Democracia. Foram reunidos representantes da sociedade civil, entidades, fóruns regionais, movimentos e organizações sociais.

Mais de quatro mil pessoas foram eleitas delegadas para deliberar sobre propostas e diretrizes elaboradas em conferências municipais, estaduais e conferências livres. O resultado dessa etapa nacional deverá ser contemplado no próximo ciclo de planejamento da União, servindo de subsídio para a elaboração do Plano Nacional de Saúde e Plano Plurianual (PPA) de 2024-2027.

Durante o evento, o Ministério da Saúde – em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a CNS – lançou o Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde, plataforma coletiva e interativa que reunirá iniciativas práticas dos movimentos sociais.

*Com informações da Agência Brasil

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