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Cidade de São Paulo está abandonada e curvada aos interesses privados, diz Raimundo Bonfim

Para o coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), tanto o prefeito Ricardo Nunes como a base do governo na Câmara Municipal estão subordinados a interesses privados, e não atendem as necessidades da maioria da população

Reprodução/TVT
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"São Paulo está entregue aos interesses privados, aos grupos econômicos, em detrimento do coletivo", afirmou Bonfim

São Paulo – O coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, afirmou nesta quinta-feira (7) que a cidade de São Paulo está “abandonada”. Em entrevista ao TVT Cidades, ele criticou a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Ele destacou que na maior cidade da América Latina, são mais de 50 mil pessoas vivendo em situação de rua. Ele citou ainda as enchentes, a falta de moradias para a população de baixa renda e o sucateamento dos serviços públicos como os principais problemas da capital.

Para Bonfim, tanto o prefeito como os vereadores estão subordinados a interesses privados, virando as costas para a maioria da população. “A cidade de São Paulo, infelizmente está abandonada. O prefeito infelizmente fez um processo de economizar recursos nos primeiros três anos. Agora, no último ano, com viés eleitoreiro, desenvolve uma série de obras, levando o caos à capital. A enchente de ontem parou a cidade, ninguém conseguia andar”.

Nesse sentido, ele destacou a suspeita de conluio envolvendo contratos sem licitação para obras emergenciais na prefeitura. São ao menos 223 contratos com suspeita de superfaturamento. As bancadas do PT e do Psol na Câmara estão coletando assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os indícios de corrupção.

Ao mesmo tempo, o coordenador da CMP relatou que recentemente enfrentou longa espera por atendimento numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA). “Cheguei às 18h para fazer um atendimento simples, básico, e saí de lá às 22h30. Quatro horas e meia para ter um atendimento básico. Essa é a situação de desespero da população”. 

O sucateamento dos serviços, segundo ele, é resultado da falta de concursos e da desvalorização dos servidores municipais. Ele denunciou, por exemplo, o confisco de 14% a que os servidores aposentados estão submetidos atualmente.

Legislativo

A crise de representação afeta também a Câmara Municipal. “O que a gente nota é um Parlamento totalmente subordinado não só aos interesses do poder Executivo, mas também aos interesses privados”, disse Bomfim. Em especial, ele criticou a atuação dos vereadores durante a discussão do Plano Diretor da capital.

“Fazem dessa cidade uma mercadoria, com um processo de verticalização sem limites. Mas não discutem o tema da moradia popular e do emprego, esses sim são os verdadeiros desafios. As pessoas têm que morar perto do emprego. Todo dia de manhã milhões de pessoas se deslocam dos extremos da cidade para o centro expandido. E à noite, igualmente. É um Plano Diretor que não dialoga com moradia e emprego, que não se preocupa com o meio ambiente. Aliás, estão inclusive facilitando a construção de moradias em área de preservação ambiental”.

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