Com Fernández e Cristina

Recebido como chefe de Estado, Lula participa de ato político no coração de Buenos Aires

Ex-presidente se reúne com a cúpula do governo argentino e, à noite, vai a cerimônia na Plaza de Mayo, em comemoração aos 38 anos de democracia no país vizinho

Reprodução/Twitter
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“Para mim, a Argentina precisa do Brasil, e isso é mútuo, assim como precisamos do resto da América do Sul”, disse Lula

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe do governo da Argentina, nesta sexta-feira (10), o prêmio Azucena Villaflor, concedido a defensores dos direitos humanos. À noite, ele também participará de ato na Plaza de Mayo, em comemoração aos 38 anos de democracia na Argentina e ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado hoje, junto com o presidente Alberto Fernández e sua vice, Cristina Kirchner.

O ex-presidente brasileiro é recebido como chefe de Estado pelo país vizinho. Ele se reúne com o presidente Fernández na Casa Rosada (sede do governo argentino) ainda nesta tarde. O prêmio Azucena Villaflor será entregue pelo colega argentino após a reunião. Os líderes devem falar ao público a partir das 19h, no coração político de Buenos Aires, quando se comemoram também os 38 anos de democracia argentina após um feroz período de ditadura militar (1976-1983).

Em entrevista ao jornal Página 12, Lula falou sobre a volta de governos progressistas na América Latina, citando México, Argentina e Bolívia. “Acredito que os setores progressistas podem vencer no Chile, que temos muitas possibilidades no Brasil, que a vitória de Luis Arce foi uma vitória extraordinária da Bolívia, e tem o Peru sob Castillo”, disse.

“Segunda onda” progressista

Ele respondeu afirmativamente a uma pergunta sobre uma possível “segunda onda” de governos progressistas no continente, incluindo a possibilidade de vitória de Gabriel Boric no Chile, no próximo dia 19. “Espero que sim, porque o melhor momento econômico, político e social da América Latina foi justamente quando Chile, Argentina, Brasil, Bolívia, Equador, Uruguai e Paraguai foram governados por políticos progressistas, presidentes preocupados com a situação do povo. Foi um momento forte de inclusão social.”

Lula destacou também o fato de que com governos progressistas, os países vizinhos na América do Sul têm a possibilidade de promover um crescimento conjunto da região. Lembrou que, quando se tornou presidente brasileiro, em 2003, o intercâmbio comercial entre Brasil e Argentina era de cerca de US$ 7 bilhões. Quando deixou a presidência, em 2010, eram US$ 39 bilhões. “Para mim, a Argentina precisa do Brasil, e isso é mútuo, (assim) como precisamos do resto da América do Sul.”

Moro e Bolsonaro

O presidenciável também foi questionado pelo jornal argentino sobre as eleições brasileiras de 2022 e a participação do ex-juiz Sergio Moro, que disputa a mesma base eleitoral de Jair Bolsonaro na extrema direita.

“São dois personagens muito comprometidos com a extrema direita e, no caso do Moro, é um personagem perigoso: quando era juiz se atreveu a mentir em um processo para me condenar e me levar para a prisão e assim me impedir de ser eleito presidente em 2018”, respondeu.

Segundo Lula, o atual presidente brasileiro e o ex-juiz são extremistas: “O Bolsonaro é um fascista e o Moro é um neofascista”.

Sobre a Argentina, o ex-presidente brasileiro falou do atual chefe de governo e os problemas econômicos do país vizinho. “Alberto Fernández recebeu a dívida da presidência de Macri, e então o povo argentino terá que ser muito paciente. A pandemia fez o mesmo, mas acho que é possível que a economia argentina se recupere, que se criem empregos e se melhore os salários para que as pessoas sejam mais felizes.”

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