Xadrez político

Paulinho da Força: ‘Convidei Alckmin para se filiar ao Solidariedade e ser vice do Lula’

Para deputado, candidatos da terceira via não vão vingar. “A candidatura de Doria é muito rejeitada e Sergio Moro é o genérico do Bolsonaro”

Reprodução/Twitter
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Com convite do Solidariedade, Alckmin tem agora três opções para 2022

São Paulo – Após a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no encerramento do congresso da Força Sindical, ontem (8), o Solidariedade, presidido pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho, entrou na disputa pelo “passe” do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. “Convidei o Alckmin para se filiar ao Solidariedade, com o objetivo de ser candidato a vice do Lula. Se ele quiser, o nosso partido estará de portas abertas”, escreveu o deputado em seu perfil no Twitter.

A Força Sindical – que confirmou Miguel Torres como presidente, sucedendo Paulinho – já tomou a decisão de apoiar Lula para disputar a Presidência da República em 2022. O apoio foi defendido também pelos presidentes de outras centrais: Sérgio Nobre (CUT), Ricardo Patah (UGT), Adilson Araújo (CTB) e Edson Carneiro, o Índio, secretário-geral da Intersindical.

Como deputado e presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva afirmou à RBA que seu apoio a Lula começa pelo fato de que não acredita em terceira via. “Acho que os candidatos da terceira via não vão vingar. Primeiro, porque a candidatura de Doria é muito rejeitada. Segundo, porque nosso ‘amigo’ Moro é o genérico do Bolsonaro”, ironiza. “Então por que as pessoas vão votar no genérico? Vão votar no Bolsonaro.”

O parlamentar resume: como a eleição vai ser disputada entre Bolsonaro e Lula, a conclusão é de que “não tem como apoiar Bolsonaro.” Segundo pesquisa Quaest divulgada ontem, Jair Bolsonaro é o mais rejeitado entre os atualmente pré-candidatos. Os eleitores que dizem que não votariam nele são 63%. A seguir vêm Sergio Moro (61%) e João Doria (59%). Por sua vez, Lula é rejeitado por 43%.

O futuro incerto de Alckmin

O Solidariedade é o terceiro partido a tentar o “passe” de Alckmin de maneira decidida. O interesse do PSB é claro e não é recente. O que está dificultando bater o martelo é que a legenda, presidida por Carlos Siqueira, quer o apoio do PT a Márcio França ao governo de São Paulo, além de outros estados, em troca de apoiar Lula ao Planalto, com Alckmin na vice. O problema dessa aliança é que o ex-prefeito Fernando Haddad aparece bem posicionado na disputa para o Bandeirantes, até pelo “recall” que traz de eleições passadas.

Alckmin também pode se mudar para o PSD de Gilberto Kassab, que não esconde sua intenção lançá-lo na disputa pelo governo paulista. Aparentemente, o Solidariedade se torna agora uma segunda possibilidade para o quase ex-tucano entrar como vice numa chapa com Lula pela presidência.

É nesse ambiente de negociações de bastidores e análise de conveniências que Alckmin teria adiado seu desembarque no PSB. Com isso, Lula ficaria mais à vontade e livre das pressões dos socialistas por uma aliança condicionada por apoio do PT a candidatos do PSB nos estados, principalmente em São Paulo. Enquanto isso, Alckmin continua na ‘iminência’ de deixar o PSDB, como já está há muitas semanas.

“Definido que Alckmin será o candidato a vice-presidente, no PSB ou fora dele, as negociações do PT com os socialistas não envolveriam mais o nome do ex-governador em tentativas de acertos regionais”, escreveu a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.