Ipespe/Valor Econômico

Pesquisa mostra esquerda de volta ao protagonismo nas eleições para o governo de São Paulo

Segundo Ipespe/Valor Econômico, sem Alckmin Haddad lidera. Sem Haddad e sem Alckmin, Boulos aparece na frente seguido por Márcio França. Com Alckmin, Haddad iria ao 2° turno

Xadrez político em SP: Haddad (foto: Reprodução/TVT), Márcio França (Marcos Corrêa/PR), ALckmin (SECOM/ Gov.de SP) e Boulos (Midia Ninja)

São Paulo – Pesquisa Ipespe/Valor Econômico sobre intenção de voto para a disputa ao governo de São Paulo nas eleições de 2022 mostra como podem ser diferentes os resultados da disputa, dependendo das articulações e possíveis alianças para 2022. Em um cenário em que aparecem Geraldo Alckmin (ainda no PSDB) e o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT), ambos lideram as intenções de voto. O ex-governador tem 23% e o petista, 19%. Em seguida, vêm Guilherme Boulos (Psol), com 11%, o candidato governista Tarcísio de Freitas (8%) e Rodrigo Garcia (PSDB), que tem 3%.

Neste primeiro cenário – em que não aparece Márcio França (PSB) –, a soma dos votos de Haddad e Boulos chega a 30%, o que indica, num primeiro momento, uma retomada do protagonismo por parte da esquerda e da centro-esquerda no estado, e chances reais de o campo progressista ir ao segundo turno. Isso não acontece desde 2002, quando José Genoino (PT) foi derrotado por Alckmin.

O quadro reflete em parte o quadro nacional, com a incontestável liderança do ex-presidente Lula. Demonstra ainda que a anulação das condenações do petista pela Lava Jato, por um lado, e o desencanto com Jair Bolsonaro, de outro, projetam um 2022 muito diferente da realidade de 2018.

Conversas e alianças

Do ponto de vista político, as conversas sobre possíveis alianças para as eleições estaduais e presidencial projetam cenários diferentes. Peça chave no chamado tabuleiro, o ex-governador Alckmin está de saída do PSDB. Algumas alternativas são ventiladas sobre seu futuro: filiar-se ao PSD de Gilberto Kassab e sair candidato ao Palácio dos Bandeirantes, filiar-se ao PSB de Márcio França e concorrer ao mesmo cargo ou filiar-se ao PSB e ser vice na chapa de Lula.

Márcio França parece já dar como certo o desembarque de Alckmin no PSB. “Agora está maduro para ele se desfiliar. Não há mais espaço no PSDB. Nem o PSDB quer e nem ele”, afirmou França esta semana. Ele tem ótimas relações com Alckmin, de quem foi vice-governador e herdou o Palácio dos Bandeirantes para o então titular disputar a presidência em 2018. Tem também conversado com Haddad.

As conversas estão em curso, mas tanto o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, quanto as principais lideranças do PT em são Paulo não parecem dispostos a abrir mão das candidaturas ao governo paulista em nome de uma aliança. Até porque tanto Haddad quanto França despontam com chances de se eleger, pelo menos no retrato do momento.

Movimentação oculta

A pesquisa também mostra um quadro sem Haddad. Nele, Boulos, com 23%, aparece na frente, seguido por França (19%) e pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, com 10%. O surgimento do ministro bolsonarista com esse índice surpreende alguns setores que conhecem o estilo Steve Bannon do bolsonarismo: estaria havendo alguma movimentação oculta (um “trabalho de base”) nas redes sociais, até o momento despercebida por radares progressistas?  

O cenário 3 traz Haddad na ponta, com 27%, seguido por Boulos e Tarcísio, ambos com 13%, e Rodrigo Garcia (PSDB), com 6%. Tal cenário não parece provável, pelo menos no momento, já que não traz nem Alckmin, nem Márcio França. Tal configuração pressupõe um acordo pelo qual, por exemplo, o PSB abriria mão do governo paulista, Alckmin assumiria a vice de Lula e França concorreria ao Senado. Até pelas declarações de Carlos Siqueira, não é plausível que o PSB aceitasse abrir mão de postular o governo do maior estado do país ao mesmo tempo em que apoiasse Lula à presidência.

Em resumo, a pesquisa mostra que, sem Alckmin, Haddad lidera. Sem Haddad e sem Alckmin, com França na cabeça de chapa, como quer o PSB, Boulos lidera. E sem França, Alckmin surge na frente seguido por Haddad e Boulos, o que parece mostrar a volta da esquerda ao cenário eleitoral paulista. O levantamento ouviu mil eleitores entre 29 de novembro e 1° de dezembro, por telefone.

Os cenários

Cenário 1

Geraldo Alckmin (PSDB) – 23%
Fernando Haddad (PT) – 19%
Guilhermes Boulos (Psol) – 11%
Tarcísio de Freitas – 8%
Rodrigo Garcia (PSDB) – 3%

Cenário 2

Guilherme Boulos (Psol) –  23%
Márcio França (PSB) – 19%
Tarcísio de Freitas – 10%
Rodrigo Garcia (PSDB) – 5%

Cenário 3

Fernando Haddad (PT) – 27%
Guilherme Boulos (Psol) – 13%
Tarcísio de Freitas – 13%
Rodrigo Garcia (PSDB) – 6%

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