Assédio eleitoral: fábricas no ABC ‘sugerem’ voto. Sindicato dos Metalúrgicos aciona Ministério Público
Prática configura crime: “O poder diretivo do empregador não pode impedir jamais o exercício dos direitos de liberdade”
Publicado 20/10/2022 - 17h48
São Paulo – O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC acionou nesta quinta-feira (20) o Ministério Público do Trabalho (MPT) denunciando duas empresas da base por assédio eleitoral. Em duas fábricas da base, os empregadores “sugerem” voto em Jair Bolsonaro (PL) e também no candidato a governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). A “sugestão”, à qual a RBA teve acesso, vem acompanhada dos números de cada candidato e a recomendação para que o trabalhador pense no seu futuro e no de sua família.
Por enquanto, os nomes das empresas não foram divulgados. Ambas ficam em São Bernardo do Campo. Somadas, têm 900 empregados. O sindicato mantém um canal para receber denúncias.
A prática de assédio eleitoral é considerada crime. No início da semana, o Ministério Público do Trabalho já registrava quase 400 denúncias em todo o país. O número era 77% maior do que na campanha de 2018. Ontem (19), já passavam de 700, segundo novo balanço. Apenas em Minas Gerais são 247 ocorrências desde o dia 3, com 217 empresas denunciadas.
Hoje, o MP divulgou nota para alertar sobre as “inúmeras denúncias” que tem recebido sobre coação de empregados com finalidade eleitoral. E lembra que “é ilícita qualquer prática que objetive excluir ou restringir a liberdade de voto dos trabalhadores”. Assim, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho lembram: “O poder diretivo do empregador não pode impedir jamais o exercício dos direitos de liberdade, não discriminação, expressão do pensamento e exercício do voto”.
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