Após semana acalorada, senadores pedem fim de agressões

Bate-bocas levam parlamentares a defender que baixo nível das discussões não se repita. Semana tem recursos no Conselho de Ética e primeiro depoimento da CPI da Petrobras

“Faço parte disso e não consigo parar”, desabafou Cristovam Buarque (Foto: Waldemir Rodrigues/Agência Senado)

Senadores de diferentes partidos pediram que o nível das discussões no plenário não volte a ser rebaixado como ocorreu durante a semana. Os últimos dias foram marcados por discussões tensas entre parlamentares em meio à pressão pela saída do presidente José Sarney (PMDB-AP) e o início dos trabalhos da CPI da Petrobras.

Na quinta-feira (6), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) discutiram duramente. Os ânimos se acaloraram a partir do debate sobre a representação contra o tucano Arthur Virgílio (PSDB-AM) no Conselho de Ética. Dois dias antes, o ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) uniu-se ao colega pemedebista de Alagoas para atacar Pedro Simon (PMDB-RS), um dos mais veementes opositores à permanência de José Sarney na presidência da Casa.

O clima pode voltar a esquentar depois do parecer do presidente do Conselho de Ética Paulo Duque (PMDB-RJ) a respeito de mais sete representações contra Sarney. Ele pediu que todas elas sejam arquivadas. Álvaro Dias (PSDB-PR) prometeu recursos contra cada uma das decisões.

Menos calor

O primeiro-secretário Heráclito Fortes (DEM-PI) iniciou os comentários na sessão plenária desta sexta-feira (7) pedindo reflexão. “Só quero é que os companheiros senadores aproveitem o final de semana para uma meditação e voltem imbuídos de que esta é uma Casa de debates e que esses debates têm de ser acalorados e acirrados, mas que não podem, de maneira nenhuma, descer a níveis do que vimos este final de semana”, clamou.

Eduardo Suplicy (PT-SP) reiterou a posição do PT de defender o afastamento temporário de Sarney. Ele afirmou esperar que o clima de tensão termine logo para que o Senado retome os trabalhos legislativos. A minirreforma eleitoral que define os limites para o uso da internet nas campanhas e outras mudanças tramita na Casa.

O também Paulo Paim (PT-RS) ressaltou que em sete anos de mandato jamais viu uma crise da instituição tão grave como a de agora. Há quase dez anos, desde o confronto entre o então presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o então senador e líder do PMDB, Jader Barbalho (PA), a Casa passa por sucessivas crises políticas, geralmente envolvendo o presidente.

“Estamos nos comportando como alunos mal educados em sala de aula”, comparou Cristovam Buarque (PDT-DF). “Peço desculpas porque faço parte disso e não consigo parar. Se não nos comportamos como deveríamos, é preciso que as pessoas aí fora ajudem o Senado a encontrar seu rumo”, convocou. Ele defendeu que estudantes tomem as ruas para pedir ética no Senado.

O senador Renato Casagrande (PSB-ES) aproveitou para afirmar que o episódio de quinta mostra que “o Senado está sem comando e que José Sarney não tem mais condições de presidir a Casa”. Os excessos serão o ponto de partida para um fim de semana de conversas telefônicas com colegas para definir a postura a partir de agora.

Na próxima semana, o secretário interino da Receita Federal Otacílio Cartaxol será ouvido na CPI da Petrobras. A oposição promete ainda apresentar recursos no Conselho de Ética contra os pareceres de Paulo Duque a respeito das contra Sarney.

Homenagem ao dia dos pais

A sessão plenária desta sexta teve espaço para uma homenagem ao dia dos pais por parte do senador Eduardo Suplicy. Confira.

Com informações da Agência Brasil e Agência Senado