Diante de pressão crescente, Sarney promete resposta nesta quarta

De DEM ao PT, partidos intensificam pressão pela saída do presidente do Senado. Sindicalistas fizeram protesto silencioso na galeria do plenário

Oposição amplia pressão contra presidente do Senado (Foto: Moreira Mariz/Agência Senado)

Senadores do DEM, PSDB, PT, PDT e alguns do PMDB decidiram, em reunião nesta terça-feira (4), assinar documento reafirmando o pedido de afastamento do senador José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado. Diante de ampla pressão no reinício dos trabalhos após o recesso parlamentar, o presidente do Senado José Sarney promete responder no plenário nesta quarta-feira (5).

A adesão do PSB ainda dependerá da anuência do líder do partido, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). O líder do PT, Aloízio Mercadante, declarou que a adesão ao documento significa manutenção da posição do partido em relação a Sarney. “Como nenhum senador pediu uma revisão da posição da bancada, não há razão para fazer reunião a fim de manter uma posição já tomada”, resumiu.

Em discurso, Arthur Virgílio (PSDB-AM) indagou se há condições políticas de ele se manter na condução da Casa. O senador tucano voltou a pedir a renúncia do presidente da Casa. “Case-se com a sua biografia”, declarou Virgílio. “Esse mandato de presidente da Casa representa nada para Vossa Excelência”, completou. Vossa Excelência tem uma volta por cima sim a dar. E a volta por cima não é a da truculência, a da prepotência. – disse o líder do PSDB.

O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), solicitou que Paulo Duque (PMDB-RJ), presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, acolha as representações e pedidos de investigação contra Sarney. “Aquele tipo de debate beirando a ameaça, não é apropriado ao Plenário do Senado. Nós precisamos buscar uma saída, compreendendo que cada um pode ter a posição que desejar, para a situação que nós estamos vivenciando”, afirmou.

Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), um dos principais críticos de Sarney dentro do PMDB, defendeu que nenhuma matéria seja apreciada até que haja uma solução. “É preciso parar as votações até que tudo se resolva”, declarou. O senador também fez críticas ao procedimento dos senadores de Alagoas Renan Calheiros (PMDB), líder de seu partido, e Fernando Collor (PTB) durante o discurso do senador Pedro Simon (PMDB-RS) na sessão desta segunda-feira (3).

Assim como na segunda-feira (3), integrantes do PMDB pediram apertes para defender Sarney. Porém, o clima foi mais ameno do que na véspera. Sarney é alvo de acusações desde a revelação de atos administrativos não publicados pelo órgão oficial da Casa, incluindo nomeações de funcionários fantasmas. Ele ainda foi acusado de irregularidades relacionadas à fundação que leva seu nome. Os atos foram cancelados por Sarney, mas a pressão não diminuiu, com 14 representações e acusações apresentadas ao Conselho de Ética.

Sindicalistas protestam

Sindicalistas protestam (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Integrantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, ligados à Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), fizeram uma manifestação silenciosa pedindo a saída de Sarney. Os 25 sindicalistas estiveram no Senado para acompanhar uma audiência pública sobre as demissões de cerca de 4 mil funcionários da Embraer. Depois de estender uma faixa com palavras de ordem, eles foram retirados da galeria do plenário.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos Vivaldo Moreira Araújo afirmou que a reivindicação era de “derrubada imediata” de Sarney. “Não é possível vermos esse mar de corrupção e não fazermos nada”, acusou. 

Com informações da Agência Senado e Agência Brasil