Apesar de 3 horas de manifestações, deputados gaúchos arquivam impeachment de Yeda

Protestos nas galerias tinham opositores e partidários da governadora (Marco Couto/Agência ALRS) Sob protestos que duraram três horas nas galerias da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, os deputados […]

Protestos nas galerias tinham opositores e partidários da governadora (Marco Couto/Agência ALRS)

Sob protestos que duraram três horas nas galerias da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, os deputados estaduais aprovaram o arquivamento do pedido de impedimento da governadora Yeda Crusius (PSDB-RS). Foram 30 votos favoráveis e 17 contrários, em sessão plenária de terça-feira (20). A decisão aprovou o parecer da Comissão Especial que trata da denúncia por crime de responsabilidade.

Apoiadores da governadora, de um lado, e, de outro, por integrantes do Fórum dos Servidores Públicos do RS – entidade que ingressou com o pedido de impeachment, disputaram as galerias. Os parlamentares que se pronunciaram o fizeram sob vaias e aplausos dos dois grupos. Ao final, os defensores de Yeda comemoraram cantando o Hino Rio-Grandense. Iniciada às 15h30, a sessão teve três horas de debates e exposições de cada bancada.

O primeiro a discursar em nome de sua bancada foi o deputado Raul Carrion (PCdoB). Ele elencou uma série de motivos para sustentar sua posição contrária à aprovação do parecer, dentre as quais o fato de não ter havido reunião para exames das provas ou para ouvir o Ministério Público Federal. “Foi um relatório oficialista, que teve como objetivo absolver a governadora sem a devida análise dos fatos. É uma peça de defesa. A deputada Zilá o redigiu como advogada de defesa e não como relatora”, destacou Carrion, referindo-se à relatora do parecer, deputada Zilá Breitenbach (PSDB).

A bancada do PT dividiu seu tempo entre cinco deputados. Coube a cada um falar durante 12 minutos. O deputado Raul Pont (PT) conclamou a todos para que votassem contra o relatório. “Estamos tentando garantir o direito de investigar os indícios que são flagrantes. Estamos diante de evidência clara e concreta de agressão às leis”, reforçou Pont.

O deputado Adão Villaverde (PT) disse que era preciso não pré-julgar tanto a inocência quanto a responsabilidade por fatos ilícitos. “Se estas duas posições extremas devem ser evitadas, só há um caminho a ser percorrido é o da admissibilidade do processo. Para fazer as diligências necessárias e verificar se as acusações são procedentes”, acrescentou Villaverde.

Para a deputada Stela Farias (PT), é necessária uma reflexão da maioria sobre um conjunto de denúncias graves que pesam sobre o atual governo. Ela criticou a rapidez com que o relatório foi produzido, apreciado e votado. “Houve leniência para investigar e muita celeridade para arquivar. Nada foi considerado, a não ser a pressa, o açodamento”, afirmou Stela.

O líder da bancada, Elvino Bohn Gass (PT), assegurou que o relatório era falho por não considerar as fraudes levantadas pelas operações Rodin e Solidária. O petista ressaltou o silêncio da base aliada durante a sessão e avaliou que o relatório absolve a governadora sem promover a devida investigação dos fatos. “É a defesa cega de algo indefensável. Estão se colocando de costas para a sociedade, que já disse em pesquisas que quer o afastamento da governadora. São montanhas de indícios”, sublinhou Bohn Gass.

De acordo com o deputado Ronaldo Zülke (PT), enganam-se aqueles que pensam não haver repercussão nas discussões da AL. Para ele, o Parlamento gaúcho vive um dos mais importantes momentos de sua história. Zülke exortou aos integrantes da base aliada para que pensassem melhor antes de aprovarem o relatório. “Quem olhou minimamente os indícios e for refletir com a sua consciência vai concluir: sim o processo tem que continuar, até para dar à governadora a chance de se defender”, assegurou.

A última petista a falar foi a deputada Marisa Formolo, em comunicação de liderança. Ela estranhou o fato de toda a base aliada se calar durante a discussão. Conforme ela, ou os governistas não têm argumentos ou são coniventes com os atos ilícitos. Marisa questionou as razões de os situacionistas não quererem admitir a possibilidade de investigar os indícios que foram produzidos por outros órgão de Estado. “Não estamos desmerecendo, pondo no lixo todo o trabalho da Polícia Federal do MPF e da Justiça Federal?”, indagou.

A bancada do PDT dividiu o tempo de pronunciamento entre os deputados Gilmar Sossella  e Paulo Azeredo. O primeiro reforçou o argumento de que a admissibilidade do processo de impeachment não seria uma pré-condenação da governadora, mas a aceitação da possibilidade de julgamento. “Se não investigarmos, as fraudes continuam e os crimes ficam impunes. Devemos promover o direito ao contraditório e à ampla defesa. Não podemos negar que houve crime e que os indícios de participação da governadora são fortes”, acentuou Sossela.

Já o deputado Azeredo disse que a Assembleia não pode se furtar de avaliar se há ou não improbidade administrativa no âmbito do Executivo. Ele lamentou não ter sido possível escutar os aúdios das interceptações telefônicas da PF e do MPF. “Todas as conversas, todos os caminhos levam à conclusão do conhecimento da governadora sobre os fatos. Não podemos ficar calados diante de tantas coisas que nos levam a investigar”, exclamou Azeredo.

Pela bancada do PSB, falou o deputado Miki Breier. Ele observou que o pedido de impeachment deveria ter sido ser analisado com mais critério pela comissão. Na ótica do socialista, o processo não teve a legitimidade e lisura que deveria ter. “O que há de ilegalidade precisa ser investigado. A comissão não respeitou instrumentos legais. Estas questões maculam o processo, que, mesmo inocentando a governadora, deixam dúvidas pairando no ar”, alertou Breier.

Por fim, o deputado Marquinho Lang discursou pelos DEM. De acordo com ele, a sociedade gaúcha está a espera de respostas por parte do Parlamento sobre as denúncias de corrupção no Estado. Lang defendeu a necessidade de se buscar a verdade sobre os fatos. “Temos a responsabilidade de continuar fiscalizando. Não é momento de parar as investigações. Que os indícios possam se transformar em provas, tanto para responsabilizar quanto para inocentar”, completou o democrata.

Como votaram os parlamentares

PARLAMENTARPARTIDOVOTO
Adão Villaverde
Daniel Bordignon
Dionilso Marcon
Elvino Bohn Gass
Fabiano Pereira
Marisa Formolo
Raul Pont
Ronaldo Zülke
Stela Farias
Alberto Oliveira
Alceu Moreira
Álvaro Boessio
Edson Brum
Gilberto Capoani
Sandro Boka
Adolfo Brito
Francisco Appio
Frederico Antunes
Jerônimo Goergen
João Fischer
Marco Peixoto
Pedro Westphalen
Silvana Covatti
Adilson Troca
Coffy Rodrigues
Jorge Gobbi
Mauro Sparta
Nelson Marchezan Jr.
Paulo Brum
Pedro Pereira
Zilá Breitenbach
Gerson Burmann
Gilmar Sossella
Giovani Cherini
Kalil Sehbe
Paulo Azeredo
Abílio dos Santos
Aloísio Classmann
Iradir Pietroski
Luis Augusto Lara
Luciano Azevedo
Carlos Gomes
Marquinho Lang
Paulo Borges
Heitor Schuch
Miki Breier
Raul Carrion
PT
PT
PT
PT
PT
PT
PT
PT
PT
PMDB
PMDB
PMDB
PMDB
PMDB
PMDB
PP
PP
PP
PP
PP
PP
PP
PP
PSDB
PSDB
PSDB
PSDB
PSDB
PSDB
PSDB
PSDB
PDT
PDT
PDT
PDT
PDT
PTB
PTB
PTB
PTB
PPS
PRB
DEM
DEM
PSB
PSB
PCdoB
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Não
Não
Não

Total SIM: 30

Total NÃO: 17

Total de Votos: 47

 

Com informações da Agência Assembleia RS