Recado aos eleitores

FHC pede voto pró-democracia, em manifestação contra reeleição de Bolsonaro

Sem citar nomes, em nota pública divulgada nesta quinta (22), ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) se manifestou de forma velada contra a reeleição de Bolsonaro. Já seu ex-ministro José Gregori afirmou que Lula e Alckmin são “as melhores soluções”

Valter Campanato/ABr
Valter Campanato/ABr
"Peço aos eleitores que votem no dia 2 de outubro em quem tem compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade", escreveu FHC

São Paulo – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) divulgou nota nesta quinta-feira (22) em defesa “do voto pró-democracia” nestas eleições. O tucano pediu aos brasileiros que votem no próximo 2 de outubro em um candidato comprometido com o fortalecimento das instituições. 

“Peço aos eleitores que votem no dia 2 de outubro em quem tem compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade, defende direitos iguais para todos independentemente da raça, gênero e orientação sexual, se orgulha da diversidade cultural da nação brasileira, valoriza a educação e a ciência e está empenhado na preservação de nosso patrimônio ambiental, no fortalecimento das instituições que asseguram nossas liberdades e no restabelecimento do papel histórico do Brasil no cenário internacional”, escreveu FHC. 

Embora não cite nenhum dos presidenciáveis nominalmente, a mensagem foi entendida como uma manifestação, ainda que velada, contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). A indireta leva em conta os últimos anos de governo, marcado por atritos entre os Poderes, principalmente contra o Judiciário. Em diversas ocasiões, Bolsonaro ofendeu ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e endossou manifestações antidemocráticas que pediam, por exemplo, a volta da ditadura civil-militar e o fechamento do Supremo, numa clara oposição às instituições do país. 

Indiretas a Bolsonaro

As críticas ao atual presidente também ficaram evidentes pela defesa de FHC à ciência, contrariando também Bolsonaro que chegou a fazer campanha contra a vacinação em meio à pandemia de covid-19. O mandatário afirma não ter se imunizado contra a doença que, apesar de ter tirado a vida de mais de 685 mil brasileiros, foi relativizada por ele. O trecho em que o ex-presidente faz defesa da preservação ambiental também foi repercutido como uma crítica a Bolsonaro, responsável por uma verdadeira escalada do desmatamento. 

Segundo dados de agosto do Imazon, com Bolsonaro, a devastação, apenas na Amazônia Legal, atingiu o maior nível dos últimos 15 anos. A nota pública de FHC, por outro lado, também foi vista de forma dúbia. O PT, por exemplo, de acordo com reportagem do portal UOL, esperava que o ex-presidente se manifestasse em apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera em intenções de voto em diferentes pesquisas e vem sendo o único candidato capaz de derrotar Bolsonaro. 

Frente de apoio a Lula

Também nesta quinta, o ex-ministro da Justiça do próprio governo FHC José Gregori anunciou que apoiará Lula no primeiro turno das eleições. Tucano histórico, o ex-ministro abriu mão de apoiar a chapa presidencial de Simone Tebet (MDB) com a senadora de seu partido Mara Gabrili, indicada a vice. “Decidi apoiar, em 2 de outubro, Lula e (Geraldo) Alckmin como as melhores soluções para o Brasil atual”, afirmou em nota à coluna de Bela Megale, do jornal O Globo

Na nota, Gregori fez defesa do chamado “voto útil” ainda no primeiro turno para impedir o avanço do atual presidente. “Com os meus 70 anos de vida pública, eu sei que a recondução do atual presidente seria muito negativa, especialmente agora que o Brasil precisa ter um protagonismo eficiente que combata a fome, nos prepare para as pandemias e evite a guerra nuclear. Lula tem sensibilidade para estas questões”, escreveu o ex-ministro, que tem 91 anos.

Além do apoio do tucano histórico, na última segunda-feira (19) Lula registrou o apoio de oito ex-candidatos à Presidência da República de diferentes siglas partidárias. Entre eles, Henrique Meirelles (União Brasil), Marina Silva (Rede) e Cristovam Buarque (Cidadania).