Floresta no chão

Com Bolsonaro, desmatamento da Amazônia Legal é o maior dos últimos 15 anos, revela Imazon

De agosto de 2021 a julho de 2022, foram derrubados quase 11 mil quilômetros quadrados de floresta da Amazônia Legal, o que equivale a sete vezes a cidade de São Paulo

Christian Braga | Greenpeace
Christian Braga | Greenpeace
Essa foi ainda a segunda vez, segundo os novos dados do Imazon, que o desmatamento na Amazônia Legal passou dos 10 mil quilômetros quadrados

São Paulo – A área de floresta desmatada da Amazônia Legal em 2022 foi a maior dos últimos 15 anos, de acordo com novos dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados nesta quarta-feira (17). De agosto de 2021 até julho deste ano – quando começa e termina, respectivamente, o calendário de monitoramento do SAD – foram derrubados 10.781 quilômetros quadrados de floresta, o que equivale a sete vezes a cidade de São Paulo. 

O cenário alarmante já era previsto nos primeiros cinco meses deste ano, quando o instituto divulgou que o bioma havia perdido no período o equivalente a 2 mil campos de futebol por dia de mata nativa. Ou, 3.360 quilômetros quadrados de floresta. A maior devastação da série histórica calculada pelo Imazon desde 2008. Conforme mostrou a RBA, o desmatamento nos primeiros meses do ano foi maior do que o registrado em 2021, que já havia representado um salto em relação a 2020. Naquele ano, também segundo o levantamento do instituto, o indicador foi de 1.740. Ou seja, em dois anos, com a aceleração promovida pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), o salto da devastação foi de quase 100%.

Leia mais: Inpe: Amazônia perdeu ‘uma Bélgica’ de floresta sob Bolsonaro

Política de destruição

Ainda na última sexta (12), o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o desmatamento acumulado na Amazônia sob o governo Bolsonaro, de janeiro de 2019 a julho de 2022, atingiu 31 mil quilômetros quadrados. Uma área que equivale ao território da Bélgica. O tamanho da devastação pode ser ainda muito maior dada a diferença de metodologia do Deter do Inpe para a do SAD do Imazon. Segundo o instituto para o portal g1, os satélites usados por ele são mais refinados e capazes de detectar áreas desmatadas a partir de um hectare. Enquanto os alertas do Inpe levam em conta áreas maiores que três hectares. 

Essa foi ainda a segunda vez, segundo os novos dados, que o desmatamento na Amazônia Legal passou dos 10 mil quilômetros. Ao todo, 10.476 quilômetros de florestas foram para o chão, em 2021. Somadas, as áreas destruídas chegam a 21.257 quilômetros, quase o tamanho do estado de Sergipe, compara o Imazon. 

Amazonas, Acre e Rondônia lideram 

Dos nove estados que compõem a chamada Amazônia Legal, o território que mais vem sendo atacado pela devastação promovida pelo atual governo é o que fica na divisa com Amazonas, Acre e Rondônia, região conhecida como Amacro. Ao menos 36% de todo o desmatamento ocorreu nesse local, segundo o instituto. Grandes áreas desmatadas têm ocupado florestas públicas não destinadas e áreas protegidas. Houve uma alta de 29% no desmatamento dessa região em relação ao ano passado. Superior inclusive ao crescimento de 3% da devastação em toda a região amazônica. 

De acordo com a pesquisadora do Imazon Bianca Santos, ao g1, os dados indicam que a Amacro precisa de ações urgentes de proteção. “O aumento do desmatamento ameaça diretamente a vida dos povos e comunidades tradicionais e a manutenção da biodiversidade na Amazônia”, alerta a pesquisadora. “Além de contribuir para a maior emissão de carbono em um período de crise climática. Relatórios da ONU já alertaram que, se não reduzirmos as emissões, fenômenos extremos como ondas de calor, secas e tempestades ficarão ainda mais frequentes e intensas. Isso causará graves perdas tanto no campo, gerando prejuízos para o agronegócio, quanto para as cidades.”

Leia mais: ‘Ruralômetro’: dois a cada três deputados são cúmplices do desmonte socioambiental


Leia também


Últimas notícias