Balanço das pesquisas

Bolsonaro mantém alta rejeição e não tira votos de Lula. ‘Precisa, mas não consegue’

Pesquisa Datafolha mostra que, apesar de avanço, Bolsonaro é rejeitado por 51% do eleitorado. Ele melhora na faixa de 2 a 5 salários mínimos, mas na faixa mais pobre, Lula tem 54% a 23%

Alan Santos/PR
Alan Santos/PR
"Reverter 51% de rejeição, em menos de 45 dias da eleição, não é uma tarefa simples. E talvez seja ainda mais difícil para Bolsonaro que todos os dias produz notícias negativas para a sua campanha"

São Paulo – As pesquisas eleitorais divulgadas ao longo desta semana indicam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) consolidado na dianteira da disputa pelo Palácio do Planalto. Mas também um crescimento do presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida, embora abaixo do esperado diante dos pacotes eleitoreiros. Além disso, Bolsonaro não consegue tirar votos de Lula, e a redução de sua rejeição também não se dá no ritmo necessário. 

A avaliação é da cientista política Rosemary Segurado, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Em entrevista a Rafael Garcia, do Jornal Brasil Atual, a Rosemary baseia sua análise com base na última pesquisa Datafolha, divulgada ontem (18). No estudo, o petista aparece 15 pontos percentuais à frente de Bolsonaro no primeiro turno, com 47%, ante 32% do candidato à reeleição. 

O crescimento de 3 pontos de Bolsonaro em relação à pesquisa anterior fica dentro da margem de erro. O presidente também conseguiu avançar numericamente entre outros segmentos, como o de eleitores que ganham de dois a cinco salários mínimos, no qual Bolsonaro no qual agora figura em empate técnico com Lula, também dentro da margem de erro (40% a 38% para o petista). “Ele (Bolsonaro) precisava mexer nisso e não consegue”, comenta Rosemary. Além disso, na faixa mais pobre – e mais populosa – Lula ainda lidera, com 54% a 23%.

Rejeição mais alta

A rejeição a Bolsonaro também segue como obstáculo para o atual presidente, de acordo com ela, já que Datafolha apurou que 51% declaram que não votariam nele de jeito nenhum. “Reverter 51% de rejeição, no tempo que se tem, menos de 45 dias da eleição, não é simples. E talvez seja ainda mais difícil para Bolsonaro, que todos os dias produz notícias negativas para a sua própria campanha. Por exemplo, ontem, ter agredido um youtuber que foi esperá-lo na saída do Palácio do Planalto”, observa a cientista política. Ela se refere ao caso em que Bolsonaro foi chamado nesta quinta de “thutchuca do centrão“. E, revoltado, partiu para cima de Wilker Leão, tentando arrancar o celular de suas mãos. 

Primeiro turno

Rosemary também vê com ressalva análises da mídia comercial que apontam como certo o segundo turno. “Os dados não estão mostrando exatamente isso”, analisa. “Temos o ex-presidente Lula bastante consolidado na liderança e Bolsonaro, mesmo com todas essas medidas feitas recentemente, e Bolsonaro não conseguiu reverter (a rejeição). Crescer um ponto em um mês e em outro é insuficiente e distante da expectativa do que conseguiria com esses recursos. Nós não estamos vendo essa mudança. Então, há sim essa possibilidade de vitória no primeiro turno (de Lula).” 

O Datafolha indicou que Lula tem hoje 51% dos votos válidos, excluindo nulos e brancos, ante 35% de Bolsonaro. O ex-presidente também supera o atual com uma diferença de 13 pontos percentuais em São Paulo, 20 em Minas Gerais e 6 no Rio de Janeiro. Os três colégios eleitorais normalmente já indicam quem pode ser o vencedor das eleições. “No Rio a diferença é menor, mas temos que ter em mente que sua vida e trajetória política foram constituídas totalmente no Rio. Ele tem uma base de apoio muito grande no estado, então é compreensível que ele tenha uma performance melhor do que em outros lugares”, pondera Rosemary. 

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