Variações da pesquisa

Lula cresce entre os mais ricos, e Bolsonaro reduz diferença entre os mais pobres, mostra Datafolha

Datafolha indica que as manobras eleitoreiras de Bolsonaro podem ajudá-lo a atenuar resistência de mulheres e da população de baixa renda. Mas ritmo de mudança é lento e Lula continua bem à frente nesses grupos

Ricardo Stuckert/Marcos Corrêa/PR
Ricardo Stuckert/Marcos Corrêa/PR
Nova pesquisa Datafolha dá sinais de que, apesar das manobras eleitoreiras de Bolsonaro, a reversão de sua rejeição será mais custosa e lenta

São Paulo – A nova pesquisa Datafolha, divulgada ontem (28), dá sinais de que os auxílios eleitoreiros, concedidos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) às vésperas da eleição, com término decretado para dezembro, pode, de fato, contribuir para que o mandatário diminua resistências de voto entre o eleitorado de mulheres e da população de baixa renda. Desde o último levantamento do instituto, em junho, Bolsonaro avançou seis pontos percentuais entre as mulheres e ganhou três pontos entre os mais pobres. 

Por outro lado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua bem à frente entre esses grupos, de acordo com a pesquisa. O que também revela que, apesar das manobras eleitoreiras, a reversão da rejeição de Bolsonaro será mais custosa e lenta. Enquanto o atual presidente subiu de 21% para 27% na intenção de voto feminino, ele ainda perde contra 46% dos votos das mulheres em Lula. O ex-presidente, no entanto, oscilou negativamente em relação à rodada anterior, quando obteve 49%. 

O petista, porém, ampliou sua vantagem contra o candidato do PL entre o eleitorado masculino. Os homens são 48% da população aferida pelo Datafolha. Já as mulheres representam 52% do eleitorado. E Lula alcança 48% das intenções de voto entre eles, ante 32% de Bolsonaro.

Recorte de renda 

Já no recorte por renda, as intenções de voto no atual presidente, entre os que ganham até dois salários mínimos, passaram de 20% para 23%. O avanço de três pontos percentuais está, contudo, próximo da margem de erro da pesquisa, de 2,7 pontos percentuais. 

Nessa faixa de renda, o ex-presidente oscilou para baixo, saindo de 56% para 54%. O levantamento mostra que a maioria do eleitorado brasileiro, 52%, ganha até dois salários mínimos. 

Ao mesmo tempo, Bolsonaro viu cair sua vantagem entre os eleitores mais ricos, ainda que também dentro das margens de erro. O candidato do PL ainda lidera entre aqueles com renda de cinco a 10 salários mínimos, com 41% dos votos. Mas na pesquisa anterior, o chefe do Executivo marcava 44%, entre esse grupo, cerca de 8% da população.

Lula, por sua vez, passou de 29% para 34% nas intenções de voto entre eleitores mais ricos. Os dois candidatos viram diminuir, no entanto, a intenção de voto estimulada entre aqueles que ganham mais de 10 salários mínimos – cerca de 3% do eleitorado brasileiro, segundo o Datafolha. 

Em junho, Bolsonaro tinha 47%, mas recuou para 41% na nova pesquisa. O candidato do PT marcava 35% e foi para 32% dos votos nessa faixa de renda. Os resultados são todos referentes à pesquisa na modalidade estimulada, quando são apresentados os nomes dos presidenciáveis aos entrevistados.

O levantamento foi realizado nesta semana, com 2.556 eleitores acima dos 16 anos em 183 cidades. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR – 09088/2022. 

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A marca do antibolsonarismo 

O novo levantamento do Datafolha também mostra que, no geral, Lula mantém vantagem e chance de vencer no primeiro turno. O ex-presidente aparece com 47% das intenções de voto, 18 pontos à frente de Bolsonaro. O atual mandatário oscilou dentro da margem de erro, para 29%. O resultado garantiria a vitória do petista em primeiro turno com 52,8 dos votos válidos. Em análise sobre os diferentes recortes sociais da pesquisa, o colunista da Folha de S.Paulo Bruno Boghossian analisa que o antibolsonarismo ainda tende a se tornar a marca das eleições deste anos. 

Bolsonaro ainda mantém rejeição acima de 50%. E a avaliação é que o comportamento do presidente na disputa e as reiteradas ameaças ao sistema eleitoral podem fazer dessa campanha um plebiscito sobre sua permanência no poder.

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