Entrevista | Compacto

Lula: ‘Sistema financeiro terá de discutir o país além de seus interesses’

TVT exibe às 20h deste domingo melhores momentos da entrevista que foi o fato político mais importante da semana

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Lula: qualquer parceria política será submetida a um programa de governo que não seja subordinado ao mercado

São Paulo – A TVT exibe neste domingo (23), às 20h, uma edição com os melhores momentos da entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a sites da mídia independente. A entrevista foi concedida na última quarta-feira (19). Participaram a RBA (representando também TVT, Rádio Brasil Atual e Brasil de Fato), Fórum, DCM, Brasil 247, Blog da Cidadania, Tutaméia, Jornalistas Livres e GGN. A edição também será transmitida pela Rádio Brasil Atual (98,9 FM na Grande São Paulo).

A entrevista de Lula foi um dos mais importantes eventos políticos da semana. E também foi a primeira do ano à imprensa nacional. Desse modo, repercutiu também em veículos da imprensa comercial. Lula respondeu a pergunta sobre alianças ao centro, com objetivo tanto de vencer a eleição quanto de de construir governabilidade. O ex-presidente afirmou que no momento das definições de candidaturas, inclusive de uma possível chapa tendo o ex-governador Geraldo Alckmin como seu vice, será apresentado um programa mínimo e construída uma plataforma que privilegie convergências.

“Todo mundo sabe o que eu quero para esse país. A prioridade é o povo brasileiro, os trabalhadores, a classe média baixa, os desempregados. Essa gente tem que ser nossa prioridade. E espero que o Alckmin esteja junto”, disse. O ex-presidente também voltou a defender a atuação do Estado como “indutor” do crescimento econômico e do desenvolvimento social. Além disso, enfatizou a necessidade de “incluir os pobres no orçamento e os ricos no imposto de renda”. Desse modo, disse que não se furtaria, caso venha a ser eleito, de conversar com a Faria Lima –em referência a região capital paulista que hoje representa um polo do sistema financeiro do país. Mas que falará também com toda a sociedade. “Porque o sistema financeiro vai ter de aprender a discutir o país além de seus interesses.”

Assista a trechos a entrevista de Lula aos sites independentes


Recados ao mercado

O ex-presidente demonstrou distância do “Lulinha paz e amor” de 2002. Na ocasião, teve de escrever uma carta pacificadora ao mercado, então estressado com sua iminente vitória. Na quarta-feira, Lula indicou, em vários momentos da entrevista, que o mercado não pode sozinho ditar o funcionamento da economia. “Não posso querer ser presidente para atender os bancos e demais empresas que ganharam mais dinheiro na pandemia”, afirmou.

Além disso, o ex-presidente faliu também de projetos de política industrial em estudo por sua equipe. Questionado sobre a necessidade de construção de um novo modelo de produção e consumo, menos letal ao meio ambiente, disse que o Brasil não conseguirá resolver sozinho esse dilema. Mas que tem capacidade de propor o envolvimento do mundo. Disse, então, que é preciso envolver a sociedade brasileira se nesse e também sensibilizar as economias do mundo para. “Isso porque trata-se de um desafio global”, observou.

“O Brasil precisa pensar em recuperar sua capacidade industrial. A indústria já representou 30% do PIB. Hoje representa de 10% a 11%. A indústria desapareceu porque quiseram que ela desaparecesse. Precisamos fazer uma grande discussão do que entendemos por uma nova política industrial. Qual mercado podemos entrar; o que podemos estruturar”, afirmou, propondo atrair a ciência e a sociedade para a discussão. “Se pegarmos nossos cientistas, nossas universidades, nossos empresários jovens e modernos, podemos apresentar (um novo modelo).”


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