Eleições 2022

Lula quer que Alckmin esteja junto, mas a prioridade é o ‘povo brasileiro’

“Não terei nenhum problema em fazer uma chapa com Alckmin”, disse Lula a veículos da mídia independente. Mas o ex-presidente afirmou que ainda não há nada definido

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Alckmin vai ter que provar que é "igual ou melhor" que o ex-vice presidente José Alencar, provocou Lula

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (19) que não vê “nenhum problema” em eventual aliança com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Mas reafirmou que ainda não há nada definido. “Todo mundo fala desse assunto todo santo dia, menos o Alckmin e eu. Por uma razão muito simples. Ele saiu do PSDB e não definiu o seu partido. E eu não defini a minha candidatura”, declarou Lula durante entrevista a veículos alternativos.

Ele afirmou que pretende ser candidato não para ser protagonista, mas para “ganhar as eleições”. Isso porque, segundo o petista, o Brasil está infinitamente pior do que em 2003, quando assumiu a presidência pela primeira vez. “Ganhar as eleições é mais fácil do que governar. Por isso temos que fazer alianças e construir parcerias.”

Laura Capriglione, do Jornalistas Livres, citou a participação de Alckmin no Massacre do Pinheirinho e a repressão policial a alunos e professores. Além da chacina policial ocorrida em São Paulo, em maio de 2006. Apesar disso, Lula afirmou que teve uma relação harmoniosa quando estava na Presidência e, Alckmin, no governo paulista.

Nesse sentido, Lula disse que, na hipótese de ser candidato, o PT vai apresentar um programa e que as alianças serão submetidas a essas diretrizes. “Todo mundo sabe o que eu quero para esse país. A prioridade é o povo brasileiro, os trabalhadores, a classe média baixa, os desempregados. Essa gente tem que ser nossa prioridade. E espero que o Alckmin esteja junto.”

O ex-presidente disse ainda acreditar que Alckmin estaria decidido a fazer oposição não apenas a Bolsonaro, mais também ao “dorismo” em São Paulo, em referência ao atual governador, João Doria (PSDB).

Situação de ‘estresse’

Luis Nassif, do Jornal GGN, apontou para o risco de Alckmin assumir, caso Lula não viesse a terminar um eventual novo mandato. Nesse cenário de “estresse”, disse que o risco seria o “Plano Lula” virar uma espécie de “Plano FHC”, com Alckmin à frente. Lula brincou, e disse que espera viver “120 anos”. Também disse que não trabalha com a hipótese de risco de assassinato.

Na sequência, relembrou sua aproximação com o ex-vice-presidente José Alencar. “Duvido que alguém teve a sorte de ter um vice como ele”, elogiou. E provocou Alckmin: “Espero que ele esteja ouvindo. Porque ele vai ter que provar que é igual ou melhor que o Zé Alencar”.

Estados Unidos

O ex-presidente também afirmou que não acredita na possibilidade de um golpe patrocinado pelo governo dos Estados Unidos. Disse que a Casa Branca não “perde o sono” com a possibilidade da sua vitória nas próximas eleições. Quem “não dorme”, segundo ele, é o Pentágono e a CIA. Por outro lado, afirmou que as investidas golpistas têm fatores preponderantemente internos.

“Muitas coisas que acontecem no Brasil dependem menos dos Estados Unidos, e mais do complexo de vira-lata da elite brasileira. É ela que permite, e muitas vezes chama, esses golpes para dentro do Brasil”, afirmou.

Além disso, Lula frisou que manteve uma relação “muito séria” com o ex-presidente George W. Bush, “que tratou o Brasil muito dignamente”. Já o ex-presidente Barack Obama “não foi tão cortês” com o país. Isso porque não pediu desculpas à ex-presidenta Dilma Rousseff após revelação do escândalo de espionagem internacional por parte do governo estadunidense. Entre os alvos da ações de espionagem, a Petrobras e o próprio gabinete da ex-presidenta.

“O que os Estados Unidos precisam aprender é que o Brasil não é serviçal deles. É um país soberano, que define a sua própria política externa. Não somos quintal de ninguém. Isso vale para os Estados Unidos, China, Rússia, Índia”, ressaltou. “Respeito é bom, e a gente gosta de dar e de receber.”

Acompanhe a entrevista


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