Como indutor

Lula defende ‘Estado forte’ no social e na economia

Ex-presidente alertou aos empresários que vai rediscutir privatizações e também prometeu fazer o “possível e o impossível” para deter a violência contra negros e indígenas

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"Esse ser humano que vos fala defende um Estado que tenha força para ser indutor", disse Lula

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a atuação do Estado como “indutor” do crescimento econômico e do desenvolvimento social. Ele afirmou nesta quarta-feira (19) que, se eleito, pretende rediscutir as privatizações em curso, assim como fortalecer instituições como os bancos públicos. Disse também que é preciso que o Estado cumpra a sua “função social”, como forma de combater as desigualdades. Nesse sentido, prometeu fazer “o possível e o impossível” para pôr fim ao genocídio da população negra, pobre e periférica. E também para deter as invasões às terras indígenas e quilombolas.

“Sou daqueles que defendem um Estado forte. Não significa um Estado autoritário, porque não quero isso. Mas um Estado capaz de induzir o desenvolvimento do país”, declarou o ex-presidente. “Que as pessoas saibam que esse ser humano que vos fala defende um Estado que tenha força para ser indutor. De políticas públicas, na área social e no desenvolvimento”, acrescentou.

Em entrevista a veículos alternativos, Lula alertou aos empresários interessados na privatização de empresas públicas, como os Correios, a Eletrobras e a Petrobras: “Levem em conta que a gente vai mudar de governo. E vai rediscutir esse assunto”.

O ex-presidente disse que a Petrobras não é apenas uma empresa produtora de petróleo. E defendeu a estatal como “indutora e gestora do desenvolvimento”, citando a política de conteúdo nacional para o setor petrolífero e naval implementada durante seu mandato, que contou com a participação de 65 mil empresas brasileiras. “Agora o governo diz que as estrangeiras vão poder participar das compras governamentais. Estão matando a indústria brasileira”, criticou. “Tudo isso nós vamos repensar.”

Planejamento

Lula disse que falta planejamento de longo prazo ao país. Dessa maneira, anunciou que pretende discutir com a sociedade o papel do Estado, incluindo as empresas e bancos públicos. No entanto, segundo ele, é preciso acabar com o “discurso fácil” que diz que o Estado é corrupto e não presta, enquanto a iniciativa privada seria “boa” e “honesta”.

“Preciso ouvir a sociedade brasileira para dizer o que a gente tem que fazer. Isso eu vou fazer. Para a Petrobras, a Eletrobras, o Banco do Brasil, o BNDES. O Brasil precisa desse suporte, dessas instituições públicas. Não fossem elas, a gente não tinha sobrevivido à crise de 2008”, afirmou. O ex-presidente criticou o governo Bolsonaro por não realizar obras de grande porte. “Me diga uma obra que Bolsonaro está fazendo? Ninguém sabe, porque não tem.”

Menos polícia, mais assistência

“Vamos fazer o possível e o impossível para que a gente evite o genocídio do povo negro e do povo pobre”, defendeu. “Já fizemos uma vez, e vamos fazer.” Para Lula, o problema da violência tem como origem a ausência do aparato estatal no cumprimento das suas obrigações com as comunidades.

“Se o Estado não está lá, cuidado do emprego, da água, educação, saúde, lazer e cultura, e só aparece lá com a polícia de vez em quando, aí não tem solução”, exemplificou.

Por outro lado, Lula afirmou que a questão indígena está diretamente ligada à preservação ambiental. “Temos que ter a coragem de dizer que os indígenas não são intrusos. Nós é que somos. E que precisamos garantir a eles o direito de viverem dignamente.”

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