Rejeição

Desaprovação a Bolsonaro sobe para 54%, com brasileiros mais pessimistas sobre a economia

Para 79% da população, inflação e aumento dos preços são o grande problema do dia a dia, mostra pesquisa. Com forte rejeição, Bolsonaro tem os piores indicadores para um presidente que tenta a reeleição

Roberto Parizotti/CUT
Roberto Parizotti/CUT
Brasileiros também são pessimistas com relação ao futuro econômico do país. À pesquisa, 42% discordam que a economia vai melhorar nos próximos seis meses

São Paulo – Pesquisa divulgada nesta sexta-feira (22) pela Exame/Ideia aponta aumento no número de brasileiros que avaliam a gestão do presidente Jair Bolsonaro como ruim ou péssima. Depois do recorde de desaprovação registrado em 8 de julho, quando 57% dos entrevistados avaliaram negativamente o governo, o índice recuou para 47% no dia 22, mas agora voltou a subir, com 52,8%, de acordo com o novo levantamento. 

Houve também queda entre aqueles que consideravam o trabalho do presidente como ótimo ou bom. Em julho, 28% aprovavam Bolsonaro, que agora tem 23,4% de apoio. Outros 21,1% consideraram o trabalho do governo como regular. Mas 52,8% consideram a gestão ruim ou péssima.

Dois anos atrás, em 17 de outubro de 2019, o presidente tinha 36% de “ótimo” e “bom”. Em 22 de outubro do ano passado, praticamente o mesmo resultado (37%). Agora, ontem, a pesquisa mostra apenas 23,4%.

À pergunta sobre como o presidente “está lidando com seu trabalho”, 53,9% dos entrevistados disseram desaprovar a gestão. Só 23% aprovaram, enquanto 20,2% não aprovavam nem reprovavam. Outros 2,9% disseram não saber.

Patamar “perigoso”

Ao todo, a pesquisa consultou 1.295 pessoas entre segunda-feira e ontem (18 a 21). A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos. 

No relatório, o fundador do instituto Ideia, especializado em opinião pública, Maurício Moura, afirma que a parcela que avalia o governo federal como ruim e péssima acima de 50% é algo “muito perigoso” para Bolsonaro. “Porque é uma parcela de difícil desconversão”, justifica.

De acordo com Moura, a aprovação do presidente, apesar de se manter na casa dos 20% na série histórica, “é muito inferior aos pares dele que conseguiram a reeleição no Brasil pós-redemocratização”. “Bolsonaro tem duas variáveis bastante preocupantes para uma possível reeleição: forte rejeição refletida na avaliação ruim, e baixa aprovação”, explica. 

Impacto da inflação

As mulheres são maioria entre os que não aprovam a atual gestão federal, com 60%, ante 46% dos homens. Numa análise por região, a reprovação também é maior no Nordeste, com 55% que avaliam o governo como ruim ou péssimo. Já o apoio a Bolsonaro conta com uma parcela de 29% dos que ganham mais de cinco salários mínimos. E permanece com avaliação positiva na faixa de 35% e 37% no Norte e Centro-Oeste, respectivamente. 

Além de questionar sobre a atuação do governo, a pesquisa também levantou a posição dos entrevistados sobre a inflação e o aumento de preços em 2021. A sondagem revelou que até 79% encaram as altas como “um grande problema no dia a dia”. Apenas 5% disseram discordar. Combustíveis (43%), alimentos (40%) e energia elétrica (11%) são itens que mais têm pesado no bolso das pessoas. Sendo que a alta nos combustíveis é sentida principalmente nas classes A e B. Enquanto que a população com renda mais baixa, das classes D e E, apontam mais os alimentos e bebidas. Ao menos 68% disseram ter mudado hábitos de consumo por causa da inflação neste ano. Uma parcela ainda maior, de 74%, responderam que estão comendo menos carne

Futuro incerto

“Obviamente que isso tem um impacto muito grande no dia a dia das pessoas. Estamos falando de mais de dois terços dos brasileiros comendo de alguma maneira diferente, obviamente piorando sua alimentação em razão do aumento de preços”, observa o fundador do Ideia. 

Dos entrevistados, 23% receberam o auxílio emergencial do governo federal. Entre essa parcela, a maioria (32%) não sabe se o programa social será estendido. Os brasileiros também são pessimistas com relação ao futuro econômico do país. Ao menos 42% discordam que a economia vai melhorar nos próximos seis meses.

A pesquisa mostra uma correlação do dado à insatisfação com o governo Bolsonaro, formada por 66% daqueles que o desaprovam e por 49% das classes D e E e 46% dos que têm ensino superior. “É um sentimento geral de desconfiança e incerteza em relação à melhora econômica”, analisa o fundador do ideia. 


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